A Coreia do Sul não registou esta quinta-feira (30) nenhum contágio local de coronavírus, o que alimenta as esperanças de recuperação na Ásia, enquanto a preocupação com a pandemia persiste na Europa, afetada pelo impacto económico, e na América Latina, que superou as 10.000 mortes. "Pela primeira vez em 72 dias temos zero casos locais", celebrou o presidente sul-coreano Moon Jae-in.

A Coreia do Sul era, no fim de fevereiro, o segundo maior foco de contaminação no mundo de uma doença que já provocou mais de 227.000 mortes em todo o mundo. A Coreia do Sul conseguiu inverter a tendência com testes em massa e regras rígidas de distanciamento social. Graças à estratégia, a Coreia do Sul limitou o número de mortes a 247, apesar de ter organizado eleições legislativas em meados de abril.

A China, onde a epidemia começou no final de dezembro, apresenta um crescimento de casos muito controlado: desde o início do surto, este país contabilizou 82.862 casos (quatro novos entre quarta-feira e hoje), incluindo 4.633 mortes (nenhuma nova) e 77.610 curados.

Na Europa, que optou por um confinamento rígido da população em alguns países, o balanço de vítimas fatais continua a crescer. Depois de incluir pela primeira vez os óbitos nas casas de repouso, os números dispararam no Reino Unido, para cima de 26.000 mortes.

O país tornou-se o segundo mais afetado da Europa, depois de Itália e superando Espanha, que nesta quinta-feira anunciou 268 mortes por COVID-19 e um total de 24.543 óbitos desde o início da pandemia. Este é o menor balanço registado pelas autoridades espanholas desde 20 de março e confirma que a pandemia está a recusar, mas o primeiro-ministro Pedro Sánchez já antecipou que o país enfrentará uma "profunda" recessão.

O PIB espanhol registou contração de 5,2% no primeiro trimestre. A economia italiana teve um retrocesso de 4,7% no mesmo período. No conjunto da UE - ainda dividida sobre as medidas que devem ser adotadas - a situação não é melhor.

A economia da Zona Euro registou o retrocesso trimestral "mais importante" desde 1995, com uma contração de 3,8% no primeiro trimestre de 2020. A Alemanha anunciou um aumento de 13,2% do número de desempregados em abril.

Do outro lado do Oceano Atlântico, a pandemia já arrastou a economia dos Estados Unidos para a pior recessão da década. O Produto Interno Bruto (PIB) da maior economia do mundo recuou 4,8% nos primeiros três meses do ano, segundo a estimativa publicada esta quarta-feira pelo Bureau of Economic Analysis, antes da abertura do mercado de Nova Iorque. Tratas-se da maior queda desde o segundo trimestre de 2009, o ano da grande recessão.

Mais de 3,8 milhões de desempregados pediram na semana passada o acesso ao subsídio de desemprego nos Estados Unidos, elevando para 30,3 milhões o número de novos pedidos nas últimas seis semanas. A pandemia de COVID-19 forçou milhões de empresas a fechar e a reduzir postos de trabalho, fazendo disparar para cerca de 30,3 milhões o número de pedidos de subsídio de desemprego nas últimas seis semanas, segundo noticia a agência AP.

Bandeiras com cores para pedir ajuda

A América Latina, que nas palavras do subdiretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPS) Jarbas Barbosa está como a "Europa há seis semanas" em relação ao avanço da COVID-19, observa o aumento do número de casos. O número de mortes provocadas pelo novo coronavírus na América Latina e Caribe já chegou aos 10 mil, com mais de 200.205 casos oficialmente registados, de acordo com um balanço da AFP elaborado com base em dados oficiais.

O Brasil, país de 210 milhões de habitantes, tem mais da metade das mortes por coronavírus na região (5.466, com 78.162 casos), mas de acordo com vários especialistas o número real de infetados pode ser entre 12 e 15 vezes superior ao oficial, consequência da pouca disponibilidade de testes de diagnóstico. Em seguida, surgem o México (1.569 mortes), Peru (943) e Equador (883).

A crise afeta duramente os países mais ricos, onde milhões de desempregados vêm obrigados a recorrer aos bancos alimentares, mas é ainda mais dolorosa nos países menos desenvolvidos.

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) alertou esta semana que a pandemia aumentará a fome e a pobreza na América Latina. Desta maneira, os habitantes dos bairros mais pobres da Guatemala criaram um novo código com bandeiras de cores para pedir ajuda, identificando o tipo de emergência de cada casa em busca da atenção das autoridades.

Na cidade de Nova Iorque, a mais afetada do mundo, o governador Andrew Cuomo ficou chocado com as imagens do metro invadido por pessoas sem-abrigo.

Os Estados Unidos registaram 2.502 mortos nas últimas 24 horas, de acordo com a contagem da Universidade Johns Hopkins. No total, 60.853 pessoas morreram nos Estados Unidos. O número de infetados subiu para 1.038.451 com cerca de 120 mil pessoas a serem dadas como recuperadas. Os Estados Unidos continuam a ser o país com registo de mais mortos e de casos confirmados de todo o mundo.