O PAN levou este tema ao período de declarações políticas, na Assembleia da República, e a deputada Bebiana Cunha alertou que "não há um segredo extraordinário que deixe o vírus à porta das escolas", notando que os estabelecimentos de ensino "não viram a ocupação dos espaços reduzida a um terço, o que se podia fazer pela redução do número de alunos por turma, nem viram possível, na sua maioria, garantir a distância mínima de dois metros recomendada pela Direção-Geral da Saúde".

Apontando que "o país se vê forçado a confinar possivelmente durante um mês, porque a situação é crítica e é preciso impedir a transmissão da infeção", Bebiana Cunha criticou que se continue "a tratar as escolas com as mesmas medidas de antes, isto é, se a pessoa tiver sintomas, testa-se".

"Se o caminho escolhido pelo Governo for o de manter as escolas em regime presencial, mesmo que apenas para alguns ciclos, tem de garantir proteção e prevenção dos seus profissionais e alunos, não se pode pedir aos profissionais de educação que se exponham ao risco e depois não os proteger", defendeu.

A deputada propôs que os professores e pessoal não docente sejam vacinados "logo que possível" ou que possam trabalhar à distância, alertando também que "um confinamento agravará desigualdades e riscos de menor acesso à educação" por parte dos alunos.

De seguida, o PSD salientou que nos jovens "entre os 10 e os 20 anos" a taxa de infeção "cresce a um ritmo acelerado" e quem trabalha nas escolas "tem em média mais de 50 anos", questionando "como podem ser dadas garantias que não é na escola" que o vírus se transmite.

"Se a opção for para manter as escolas abertas, não pode ser de qualquer forma, é fundamental tomar medidas que protejam toda a comunidade educativa", apontou a social-democrata Ilídia Quadrado, defendendo a testagem de professores, técnicos e assistentes operacionais, e a inclusão destes profissionais nos grupos prioritários de vacinação.

A deputada Ana Rita Bessa, do CDS, alertou que "será difícil" para as escolas e famílias "fazer a gestão" de medidas tomadas hoje pelo Conselho de Ministros para entrar em vigor no dia seguinte.

Lembrando que o ministro da Educação esteve no parlamento na terça-feira, após a reunião no Infarmed sobre a evolução da covid-19, a centrista salientou a "necessidade de finalmente ser implementado um sistema de testagem massivo nas escolas", e advogou que essa "é uma decisão política", cabendo à tutela, "no limite, impor como condição para que as escolas estejam abertas, que seja implementado esse sistema de rastreio".

Ana Mesquita, do PCP, pediu que sejam tomadas "medidas urgentes" para que as escolas possam continuar abertas, para que sejam resolvidos "problemas que subsistem" e garantida a segurança, como por exemplo através do reforço do número de trabalhadores, alegando que "não basta fazer o que tem vindo a ser feito até agora, é preciso ir muito mais longe".

O BE, que defendeu que as escolas fiquem abertas, mas pediu que sejam adotadas medidas, lamentou que não tenham sido "atribuídos recursos humanos e físicos que permitissem o cumprimento das regras" e criticou a estratégia da bolha, que "é na generalidade uma bolha de sabão, muito difícil de manter".

Por seu turno, o PS notou que a manutenção do ensino presencial não foi consensual entre os especialistas ouvidos na terça-feira e que houve quem recusasse uma testagem "à toa, de forma voluntarista", tendo alertado também para "o risco" para a saúde mental de os alunos estarem em casa.

Nas declarações políticas de hoje, o PEV escolheu o tema da ferrovia, tendo realçado os avanços recentes, mas alertado que "falta ainda muito para fazer".

Na discussão, esquerda e direita trocaram acusações sobre quem é responsável pela situação atual.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.963.557 mortos resultantes de mais de 91,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 8.080 pessoas dos 496.552 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.