As autoridades já estão a investigar a causa das mortes, embora não se acredite que estejam ligadas à violência do motim, mas ao abuso de estupefaciente durante a revolta.

Pelo menos três dos presos morreram após saquear a enfermaria da prisão de Módena no domingo, enquanto as outras três mortes continuam por esclarecer, explicaram à agência de notícias EFE fontes do sindicato da Coordenação Nacional da Polícia Prisional (CNPP).

O Ministério da Justiça também confirmou esta tese, pois dois corpos não apresentaram "sinais de lesão física" e um outro cadáver tinha sinais de cianose, uma escuridão na pele devido a problemas circulatórios.

Hoje estão a ser realizadas investigações na prisão e os presos foram transferidos para outras instalações.

O ministro da Justiça italiano, Alfonso Bonafede, disse que entende "as tensões" dentro de uma prisão resultantes de uma "emergência" como a do novo coronavírus, mas disse que a sua vontade é de "proteger a saúde daqueles que trabalham e vivem nas prisões".

Nesse sentido, Bonafede tentou tranquilizar os prisioneiros dizendo que as medidas do decreto, como o limite de visitas ou a suspensão de autorizações de liberdade vigiada, só estarão vigentes nos próximos 15 dias para garantir o bem-estar dos detidos.

"Mas deve ficar claro que qualquer protesto através da violência é apenas digno de condenação e não levará a bons resultados", afirmou o ministro num comunicado.

A revolta em Módena começou contra as restrições no regime de visitas impostas pelo Governo italiano para tentar conter a propagação do novo coronavírus, que já provocou 366 mortos e 6.387 infetados na Itália, especialmente no norte do país.

Há ainda protestos ativos em outras partes do país, como em Milão (norte), onde alguns presos subiram ao telhado da prisão de San Vittore; mas também em Prato (centro) e Foggia, Bari e Palermo (sul), indicaram as mesmas fontes.

Um dos motins mais importantes ocorreu na noite de domingo em Pavia (norte), onde prisioneiros do centro de Torre del Gallo fizeram dois polícias reféns e libertaram vários presos, mas a situação foi posteriormente controlada pelas autoridades.

No domingo, houve também protestos nas prisões de Nápoles, Salerno ou Frosinone, no sul, e nas de Alexandria e Vercelli, cidades que estão nas novas áreas isoladas pelo Executivo, na região norte do Piemonte.

Para o secretário-geral da União Autónoma da Polícia Prisional (SEPPE), Donato Capece, essas são "tentativas de instrumentalizar as decisões do Governo" para "destruir celas e prisões".

Na prisão napolitana de Poggioreale, alguns milhares de reclusos protestaram e causaram danos ao inutilizar completamente a ala direita do prédio, incentivados de fora por seus parentes, denuncia a Organização Sindical Autónoma OSAPP num comunicado.

Os danos somam "centenas de milhares de euros" e a revolta foi sufocada graças à intervenção de centenas de agentes que chegaram de outros lugares, explica Leo Beneducci, secretário da OSAPP.

Os ativistas de direitos humanos alertaram hoje para o risco de uma rebelião generalizada nas prisões italianas ligadas ao medo do novo coronavírus e às restrições impostas, depois dos distúrbios em várias prisões nos últimos dias.

“Instamos aos detidos e aos seus parentes que interrompam as manifestações violentas, pois podem provocar” motins em outros lugares, disse à EFE Andrea Oleandri, da associação Antigone.

"A situação pode aumentar rapidamente", disse Oleandri, acrescentando que os presos obtêm a maior parte de suas informações da televisão e tendem a protestar em solidariedade se virem os condenados em outras prisões a rebelar-se.

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