O presidente da Câmara de Mora, Luís Simão, que citou dados da Autoridade de Saúde, disse que o número de casos de COVID-19 “aumentou hoje para mais dois”, ou seja, para o total de 50, com os resultados dos testes realizados, na terça-feira, a 160 trabalhadores do município e das juntas de freguesia do concelho.

“Os dois novos infetados são trabalhadores da câmara municipal e saíram dos 160 testes que mandámos fazer. Ninguém tinha sintomas, ninguém tinha nada, mas afinal estavam dois infetados”, assinalou à agência Lusa.

No Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE), permanecem internados cinco doentes, mas, agora, “quatro estão na Unidade de Cuidados Intensivos”, quando na quarta-feira eram três, enquanto os restantes estavam na enfermaria, indicou.

Contactada hoje pela Lusa, fonte do HESE revelou que os quatro doentes internados na Unidade de Cuidados Intensivos COVID têm idades entre os 64 e os 69 anos e que o doente hospitalizado em enfermaria tem 89 anos.

Este surto surgiu no dia 09 deste mês, quando foram confirmados os primeiros três casos positivos na comunidade, número que tem vindo a subir, todos os dias, à medida que vão sendo testados os contactos de pessoas infetadas.

A câmara ativou o Plano Municipal de Emergência e fechou, no início da semana passada, os serviços de atendimento ao público e outros equipamentos, como a Oficina da Criança, a Casa da Cultura, o Centro de Atividades de Tempos Livres e instalações desportivas.

Com a população confinada em casa, por precaução, fecharam também cafés, restaurantes e outros estabelecimentos comerciais.

O presidente da câmara disse à Lusa, na quarta-feira, ter “conhecimento” de “investigações em curso pelas autoridades policiais” sobre o surto de COVID-19 na vila, que admitiu poder resultar de “incúria de alguém”.

“Neste momento, daquilo que tenho conhecimento, é que há investigações em curso pelas autoridades policiais, acerca do doente zero”, porque “desconfia-se que pode ter havido aqui incúria de alguém”, afirmou o autarca, defendendo que, caso sejam apuradas responsabilidades, “essas pessoas devem ser severamente responsabilizadas”.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) disse à Lusa que não existe qualquer “inquérito relacionado com a matéria”, ou seja, com a origem do surto da doença em Mora.

O Comando Territorial de Évora da GNR também referiu que “não existe nenhuma ocorrência registada relacionada com a origem do surto em Mora”, mas a guarda “continua a efetuar diligências no sentido de apurar pessoas que eventualmente possam ter desrespeitado ou estejam a desrespeitar as normas em vigor estabelecidas pela Direção-Geral da Saúde”.

Portugal contabiliza pelo menos 1.786 mortos associados à COVID-19 em 54.701 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).