Quase dois terços dos portugueses dormem mal segundo um estudo recente sobre o sono em Portugal, uma realidade um pouco acima das previsões da Organização Mundial da Saúde (OMS) que estima que as perturbações do sono afetem cerca de 40% da população mundial.

O neurofisiologista Francisco Puertas sugere que a temperatura do corpo humano tem de diminuir entre 0,5ºC e 0,8º Celsius para sinalizar ao cérebro que é hora de adormecer e, assim, faciltar o processo do sono. "Temos de dilatar os vasos sanguíneos das mãos e dos pés para aumentar a circulação nessas regiões e permitir ao corpo perder um pouco de calor", defende o membro da Sociedade Espanhola do Sono à BBC.

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A Fundação Nacional do Sono dos Estados Unidos (NSF) afirma que o processo de vasodilatação das mãos e dos pés faz o calor redistribuir-se pelo organismo, preparando-o para dormir. "Algumas investigações têm mostrado que, quanto mais há vasodilatação nas mãos e nos pés, menos tempo demoramos a adormecer". "Colocar meias pode ser uma boa ideia se tiver problemas para adormecer", acrescenta num artigo disponível para consulta no website desta instituição

De acordo com um artigo publicado em abril pelo Journal of Physiological Anthropology, o uso de meias teve "efeitos positivos na qualidade do sono" em seis jovens que participaram no estudo. Usar meias "diminuiu o tempo que os participantes demoraram para adormecer" e "diminuiu as vezes em que eles acordaram durante a noite", concluíram os investigadores da Universidade Nacional de Seul.

Outra análise em que participaram oito jovens, oito idosas e outras oito pessoas com problemas no sono, obteve resultados semelhantes em 2006. "Em adultos, o início do sono foi acelerado com meias", concluiu a investigação do Instituto de Neurociência da Holanda e da Universidade Vrije de Amesterdão.

Depende da sensibilidade de cada um

No entanto, dormir com meias ou sem elas depende, na verdade, da "capacidade de cada pessoa em regular a sua temperatura corporal e da sua sensibilidade ao frio", explica Puertas. Este médico, que trabalha na Unidade de Sono do Hospital Universitário de Liège, na Bélgica, adianta que "a sensibilidade ao frio é geralmente maior em mulheres", embora tal "ainda esteja por comprovar".

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Ainda assim, algumas pessoas acreditam que usar meias não é natural. "Essas pessoas são geralmente mais calorentas e não precisam de usar meias" para adormecer, frisa Puertas que conclui que, assim como não há uma temperatura que agrade a todos no escritório, a temperatura ideal para dormir também varia de pessoa para pessoa. É preciso é encontrá-la.

Dormir menos de seis horas por dia aumenta o risco de doença cardíaca e ter más noites de descanso incrementa os sinais do envelhecimento. As conclusões não são de agora, mas, a curto prazo, a falta de sono gera um estado emocional instável e afeta as capacidades de trabalho e de concentração, o tempo de reação, o raciocínio lógico e a capacidade de tomar decisões.

Segundo a Organziação Mundial de Saúde, uma má noite de sono aumenta também o risco de acidente, reduz as defesas do organismo e incrementa o risco de problemas cardiovasculares.

Para alcançar uma noite repousante, é aconselhável deitar-se e acordar todos os dias à mesma hora, incluindo ao fim de semana, não ficar a ver televisão nem usar ecrãs até tarde e manter um peso adequado. O quarto deve ser confortável, calmo, seguro e com temperatura adequada.

Evitar jantares pesados, bebidas alcoólicas ou estimulantes como chás ou café, nas quatro horas antes de se deitar, e procurar uma atividade relaxante, como ler ou tomar banho quente, são outros dos conselhos da OMS para obter uma noite de sono reparadora.