"O nosso ortopedista pertence ao quadro do Sesaram, faz parte dos quadros do hospital e tomará posse na sexta-feira", afirmou o secretário regional da Saúde, Pedro Ramos, durante o plenário da Assembleia Legislativa da Madeira, referindo-se ao médico e antigo deputado do CDS-PP, um dos maiores críticos do Serviço de Saúde enquanto parlamentar.

Respondendo a uma crítica do líder parlamentar do PS, Miguel Iglesias, de que a saúde vive uma situação de "guerra civil" na região, Pedro Ramos negou, chamando a atenção que entre os profissionais de saúde existem opiniões diferentes, mas que todos trabalham, independentemente dos quadrantes políticos, para a população do arquipélago.

Ainda pelo PS, Paulo Cafôfo afirmou que o setor da saúde está em "'stand by'" (em espera) devido à "novela" do Governo Regional, de coligação PSD/CDS-PP, em torno da nomeação do diretor clínico.

"A novela é reveladora da desorientação e debilidade política da coligação", disse, acrescentando que a resolução das listas de espera para cirurgias, consultas, exames de diagnóstico, os tempos máximos de espera, a rede de cuidados continuados, o médico de família e as altas problemáticas "continuam por resolver".

Afirmando que a nomeação de Mário Pereira não colhe o apoio da totalidade da classe médica, Cafôfo defendeu a necessidade de "um diretor clínico reconhecido, validado e respeitado pelos seus pares".

Mário Pereira, médico ortopedista do Sesaram e ex-deputado centrista no parlamento madeirense, foi nomeado pelo Governo Regional após a polémica que motivou o afastamento de Filomena Gonçalves, inicialmente apontada para o cargo de diretora clínica.

Os estatutos do Sesaram determinam que direção clínica deve ser assumida por um médico dos quadros, ao passo que a médica exerce a atividade no setor privado.

Notícias divulgadas pelos órgãos de comunicação social regionais em janeiro davam conta que cerca de 90% dos diretores de serviço do Sesaram se opunham à alteração dos estatutos, de modo a permitir a nomeação de Filomena Gonçalves, indicada pelo CDS-PP.

Na sequência destas revelações, Filomena Gonçalves manifestou-se indisponível para o cargo, considerando também ter sofrido uma "humilhação pública".

Durante o plenário de hoje, foi apreciada na generalidade uma proposta de decreto legislativo regional que aprova a atribuição do subsídio de lavagem aos trabalhadores do Sesaram, integrados na carreira de assistente operacional, e que exerçam as funções de motorista ou condutor de ambulância", que passarão a receber mais 43,21 euros.

O parlamento regional apreciou também uma proposta que procede à primeira alteração ao Estatuto das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS).

As IPSS na Madeira vão passar a estar distribuídos por departamentos governamentais regionais competentes, segundo revelou a secretária regional da Inclusão e Cidadania.

"A tutela passará a ser de igual modo repartida pelas secretarias regionais de Educação, Ciência e Tecnologia, de Saúde e Proteção Civil, e de Inclusão e Cidadania, conforme o seu âmbito de atuação seja, respetivamente, a educação, a saúde ou a segurança social", referiu Augusta Aguiar, sublinhando que, no atual mandato, o Governo Regional continuará a apostar na economia social "como forma de combate às assimetrias sociais".

Os deputados discutiram ainda um voto de protesto contra a TAP pelo agravamento do custo das viagens para a Madeira, devido à aplicação de uma nova taxa na época de Natal que varia entre os 10 e os 50 euros.