Entre estes profissionais de saúde, que exibiam faixas onde se lia “progressão não pode ser ilusão”, a coordenadora da direção regional do Porto do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEF), Fátima Monteiro, contou à Lusa que este protesto é “resultado do descontentamento” desta classe sobre um “conjunto de problemas atuais”.

“O que nos move aqui hoje é um conjunto de problemas existentes que é transversal a todos os enfermeiros do país, mas em particular na ARS/Norte, porque esta ainda não processou os descongelamentos de carreira, nem notificou os enfermeiros dos pontos que tinham para efeitos de progressão”, disse.

Além disso, sublinhou, continua a não contabilizar todo o tempo de serviço aos enfermeiros que passaram para os 1.201 euros.

Há profissionais com 20 anos de carreira a ganharem o mesmo que os que têm apenas um ano, frisou Fátima Monteiro.

A dirigente sindical referiu que, na semana passada, reuniu na ARS/Norte já com pré-aviso de greve, tendo esta explicado não ter data para o descongelamento, nem para a notificação dos trabalhadores.

Enfermeira há 23 anos, Conceição Braga, afirmou à Lusa que o que a move é a “justiça”, porque “há muito” que se sente “injustiçada”.

E é por causa destas “injustiças” da profissão que o marido, igualmente enfermeiro, teve de emigrar, porque Portugal “não valoriza” esta classe, revelou.

“O que nós levamos para casa ao final do mês não é representativo. Não é justo enfermeiros especialistas com anos e anos de carreira ganharem o mesmo do que um colega que iniciou agora funções”, realçou.

Também Joaquim Santos, a exercer há 15 anos, lembrou que, depois do descongelamento das carreiras da função pública, em 2018, ainda não foram notificados dos pontos desse ano até hoje.

“Dois anos é tempo mais do que suficiente para a ARS/Norte notificar os trabalhadores dos seus pontos, porque queremos saber o ponto da situação e se está tudo bem, porque, a não estar, temos de reclamar e, não tendo esses dados, não temos como o fazer”, adiantou.

A justificação da ARS/Norte é ter falta de pessoal, vincou.

O SEP Norte já tinha anunciado no passado dia 13 que ia avançar com uma greve de enfermeiros afetos à ARS-Norte e que os enfermeiros iriam também realizar uma concentração de protesto à porta daquela instituição.

Os enfermeiros reivindicam o pagamento dos 100% do descongelamento da progressão, contagem de pontos relativa aos anos antes do ajustamento salarial nos 1.201 euros, transição de todos os enfermeiros com o título de especialista para a categoria de especialista da nova carreira, publicação da lista nominativa de transição e a admissão urgente de mais enfermeiros.

A agência Lusa atentou obter esclarecimentos por parte da administração regional, mas sem sucesso até agora.