Catarina Barbosa, uma das mentoras do grupo que lançou a campanha de crowdfunding que financiou as duas greves cirúrgicas dos enfermeiros, anunciou que os profissionais pretendem aplicar os cerca de 200 mil euros que restaram da iniciativa em novas ações de luta.

A notícia é avançada esta sexta-feira pela TSF.

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A enfermeira confirma que o dinheiro "está guardado". "Temos novos planos para aplicar esse dinheiro. Vamos voltar à luta e esse dinheiro vai ser aplicado", disse a responsável àquela rádio.

Vamos voltar à luta e esse dinheiro vai ser aplicado

O recurso a uma plataforma de crowdfunding por parte dos enfermeiros gerou uma inspeção por parte da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), que não detetou irregularidades.

Muitas vozes do Governo de António Costa elevaram-se contra o método usado pelos enfermeiros para se financiarem nos protestos, sobretudo pelo facto da origem do dinheiro ser desconhecida.

Os enfermeiros chegaram a angariar 784 mil euros através do financiamento colaborativo, o que lhes permitiu financiar duas "greves cirúrgicas". A paralisação direcionada às cirurgias programadas afetou vários centros hospitalares e hospitais públicos.

A primeira greve cirúrgica decorreu entre 22 de novembro e 31 de dezembro de 2018 e a segunda entre 31 de janeiro e 28 de fevereiro, acabando por ser interrompida depois de a Procuradoria-Geral da República ter considerado a primeira paralisação ilegal por não corresponder ao pré-aviso e porque o fundo usado para compensar a perda de salário não foi constituído nem gerido pelos sindicatos que decretaram a greve.

Na segunda greve, o Governo decretou uma requisição civil para quatro dos dez centros hospitalares abrangidos pela paralisação, alegando o não cumprimento dos serviços mínimos que tinham sido definidos com os sindicatos.

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Reivindicações da classe

Os enfermeiros reclamam o descongelamento das progressões, independentemente do vínculo ou da tipologia do contrato de trabalho, e que sejam definidos os 35 anos de serviço e 57 de idade para o acesso à aposentação destes profissionais.

Exigem ainda que o Governo inclua medidas compensatórias do desgaste, risco e penosidade da profissão, assegurando as compensações resultantes do trabalho por turnos, defina condições de exercício para enfermeiros, enfermeiros especialistas e enfermeiros gestores que determinem a identificação do número de postos de trabalho nos mapas de pessoal e que garanta, no caso dos especialistas, uma quota não inferior a 40%.

Os enfermeiros exigem também que o Governo aplique corretamente a legislação e o pagamento do suplemento remuneratório a todos os enfermeiros especialistas em funções e equipare, sem discriminações, todos os vínculos de trabalho.