“Não podemos suportar calor assim. Ontem [segunda-feira] foi o dia mais quente na China, com 52ºC, e os cientistas pensam que a Europa vai viver o seu dia mais quente também esta semana”, adiantou à Lusa o cofundador do ‘Extinction Rebellion’ Robin Boardman, junto ao Ministério do Ambiente e da Ação Climática, em Lisboa.

O calor extremo aumentou os receios na Europa com os incêndios e as consequências na saúde das pessoas.

“Não estamos felizes por dizer que estávamos certos no passado, quando dissemos que isso ia acontecer. Agora está a acontecer. Se os governos e as pessoas quiserem mudar o caminho que enfrentamos no futuro, que se juntem à rebelião para dizer a verdade e para implementar a transição justa para baixar este aquecimento”, salientou.

Para a prevenção dos efeitos do calor intenso, a Direção-Geral da Saúde recomenda:

  • Aumentar a ingestão de água, ou sumos de fruta natural sem adição de açúcar, mesmo sem ter sede.
  • As pessoas que sofram de doença crónica, ou que estejam a fazer uma dieta com pouco sal, ou com restrição de líquidos, devem aconselhar-se com o seu médico, ou contactar a Linha Saúde 24: 808 24 24 24.
  • Evitar bebidas alcoólicas e bebidas com elevados teores de açúcar.
  • Os recém-nascidos, as crianças, as pessoas idosas e as pessoas doentes, podem não sentir, ou não manifestar sede, pelo que são particularmente vulneráveis - ofereça-lhes água e esteja atento e vigilante.
  • Devem fazer-se refeições leves e mais frequentes. São de evitar as refeições pesadas e muito condimentadas.
  • Permanecer duas a três horas por dia num ambiente fresco, ou com ar condicionado, pode evitar as consequências nefastas do calor. Se não dispõe de ar condicionado, visite centros comerciais, cinemas, museus ou outros locais de ambiente fresco.
  • No período de maior calor tome um duche de água tépida ou fria. Evite, no entanto, mudanças bruscas de temperatura.
  • Evitar a exposição directa ao sol, em especial entre as 11 e as 17 horas.
  • Ao andar ao ar livre, usar roupas que evitem a exposição direta da pele ao sol, particularmente nas horas de maior incidência solar. Usar chapéu, de preferência, de abas largas e óculos que ofereçam protecção contra a radiação UVA e UVB.
  • Evitar a permanência em viaturas expostas ao sol, principalmente nos períodos de maior calor, sobretudo em filas de trânsito e parques de estacionamento.
  • Nunca deixar crianças, doentes ou pessoas idosas dentro de veículos expostos ao sol.
  • Sempre que possível, diminuir os esforços físicos e repousar frequentemente em locais à sombra, frescos e arejados. Evitar actividades que exijam esforço físico.
  • Usar roupa larga, leve e fresca, de preferência de algodão.
  • Usar menos roupa na cama, sobretudo quando se tratar de bebés e de doentes acamados.
  • Evitar que o calor entre dentro das habitações.
  • Não hesitar em pedir ajuda a um familiar ou a um vizinho no caso de se sentir mal.
  • As pessoas idosas não devem ir à praia nos dias de grande calor e as crianças com menos de seis meses não devem ser sujeitas a exposição solar.

O ativista britânico acrescentou que “só a ação imediata pode mudar” a situação.

Em Itália espera-se que as temperaturas máximas rondem os 47 graus centígrados (ºC) na Sicília e Sardenha e se batam recordes, nomeadamente em Roma, onde se antecipam 42ºC.

Espanha já superou duas ondas de calor desde que começou o solstício de verão, em junho, mas para esta semana esperam-se entre 40 e 44ºC e noites tropicais, em que a temperatura não deve baixar dos 25ºC.

Segundo a Agência Estatal de Meteorologia de Espanha, este anticiclone faz deslocar “ar muito quente do Norte de África”, o que favorece uma estabilidade atmosférica, acumulando o calor na superfície.

Mais de metade de Espanha está sob alerta. Na Andaluzia, as províncias de Córdova e Jaén estão em alerta vermelho, devido a risco extremo por temperaturas máximas previstas de até 44ºC.

Em França, foi acionado o alerta laranja no sul, onde as temperaturas podem atingir 40ºC.

Nos Balcãs aguardam-se, pelo menos, 40ºC, que suscitam receios quanto a incêndios e saúde de pessoas em Montenegro, Albânia, Sérvia, Bósnia-Herzegovina, Kosovo, Croácia e Eslovénia.

Na Turquia, existem dezenas de incêndios florestais em curso, que começaram no fim de semana, com temperaturas em torno dos 38ºC que hoje devem atingir os 40.

Na Roménia, onde hoje estão 40ºC, esperam-se tempestades, com chuvas torrenciais e ventos intensos, e na Bulgária as previsões apontam para mais de 40ºC nas cidades de Russe, no Danúbio, e Sandanski, na fronteira com a Grécia.

Na Áustria, os termómetros atingiram no fim de semana os 35ºC. A Cruz Vermelha chegou a abrir salas para acolher pessoas, para que o corpo pudesse recuperar da pressão acusada pelo calor.

Com 39ºC esperados no sul, a Hungria declarou o alerta vermelho nas províncias de Bács-Kiskun, Csongrád-Csanád e Békés.