O secretário regional do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) no Alentejo, Armindo Ribeiro, argumentou à agência Lusa que a adesão à greve “ronda os 90 a 95%, de uma forma geral, na região”.

Nos hospitais alentejanos, a adesão mais elevada “é no de Portalegre”, onde a paralisação dos clínicos atinge “os 93%”, seguindo-se “o do Litoral Alentejano (em Santiago do Cacém), com 92%, o de Évora, com cerca de 90%, o de Elvas, com 89%, e o de Beja, com 85%”, precisou.

“A adesão nos blocos operatórios dos hospitais da região é praticamente de 100%”, porque “apenas estão em funcionamento as salas destinadas aos serviços de urgência”, encontrando-se “as restantes encerradas”, exemplificou.

Armindo Ribeiro indicou ainda que “têm sido adiadas muitas consultas nos hospitais e nos centros de Saúde devido à greve”, o que “demonstra o descontentamento dos médicos perante as políticas que têm sido exercidas por este Governo”.

“Temos uma grande falta de médicos no Alentejo e esta luta também é para que se criem condições para que se aumentem os incentivos à fixação dos médicos nas zonas carenciadas, para que estes possam servir a população com boas condições de trabalho”, argumentou.

Apesar da elevada adesão à greve apontada pelo SIM, numa ronda efetuada hoje pela Lusa junto de vários utentes no exterior do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) a situação aparentava estar normal.

Alguns dos utentes contactados pela Lusa afirmaram ter conseguido ser consultados, mas outros não tiveram a mesma sorte, como uma utente de Aguiar, no concelho de Viana do Alentejo, que não teve consulta de anestesiologia: “O médico não veio porque está em greve. Vim gastar gasóleo para quê”, questionou.

Na ronda feita na entrada principal do HESE, outros utentes indicaram que conseguiram realizar exames e tratar de outros assuntos.

Também contactada pela Lusa, fonte da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA) disse que os serviços de consultas externas e de cirurgia do Hospital de Portalegre são os mais afetados, mas que, apesar de alguns estarem com serviços mínimos, não se encontra qualquer serviço encerrado.

A greve dos médicos teve início hoje às 00:00 e termina às 24:00 de quarta-feira, convocada no primeiro dia pelo SIM e no segundo pela Federação Nacional dos Médicos.

Os médicos exigem que todos os portugueses tenham médico de família, lutam pela redução das listas de utentes dos médicos e por mais tempo de consultas, querem a diminuição do serviço em urgência das 18 para as 12 horas, entre várias outras reivindicações, que passam também por reclamar que possam optar pela dedicação exclusiva ao serviço público.

Os enfermeiros, através do Sindicato Democrático dos Enfermeiros Portugueses (Sindepor), também iniciaram hoje de manhã quatro dias de greve, paralisação que se estende até o fim do dia de sexta-feira.

A Lusa tentou contactar por telefone o presidente nacional e um representante na região sul do Sindepor, mas nenhum deles esteve disponível.