Em entrevista à Lusa, seis meses após ter tomada posse e depois de ter visitado 10 das 11 regiões sanitárias do país para fazer um diagnóstico, o ministro afirmou ter encontrado centros de saúde sem água e energia elétrica, sem meios de diagnóstico e sem laboratórios.

“Fui ao terreno conhecer a realidade que se vive e que tipo de assistência sanitária se proporciona à população. Percorremos toda a Guiné-Bissau, com exceção de Farim. São estruturas muito velhas, que precisam de ser reparadas, algumas nem têm condições de ser chamadas de estruturas sanitárias”, disse o também médico guineense.

Segundo o ministro, naquelas estruturas, a maior parte dos serviços prestados está relacionada com a saúde materno-infantil, mas faltam condições e profissionais para que se possa responder a gravidezes de risco e não há condições para fazer uma cesariana.

“Quando há partos complicados, as pessoas são encaminhadas para Bissau e muitas ficam pelo caminho. Esta compreensão levou-nos a ter a ideia de que temos de levar mais saúde para as comunidades”, salientou.

“Muitos centros de saúde não têm água, não têm energia elétrica, não estão vedados e os animais entram, e não têm condições de diagnóstico e laboratórios”, explicou.

Dionísio Cumba disse que faltam estradas de acesso às estruturas sanitárias e que alguns centros de saúde estão completamente isolados, inacessíveis à população.

“O hospital de Bissorã é um dos piores que visitei. Tem uma população de cerca de 80.000 habitantes e cerca de 20 camas. Encontrei alguns pacientes internados na rua. Em Caravela (no arquipélago dos Bijagós), as mães grávidas são levadas por vacas para os hospitais”, afirmou.

“Sem estradas e transporte para lá chegar, um centro de saúde, mesmo todo equipado, não consegue dar assistência às pessoas”, salientou.

No plano que está a preparar para apresentar ao Governo, o ministro disse que vai propor a construção de dois hospitais para a zona norte e leste, um outro no centro do país e a requalificação do Hospital 03 de Agosto, em Bissau, mais direcionado para consultas de especialidade.

“A nível das ilhas, temos de fazer uma política sanitária que tenha uma valência também para turismo”, afirmou, defendendo a construção de três grandes centros de saúde, nomeadamente em Caravela, Bubaque e Bolama.

Apesar de o Fundo das Nações para a Infância ter recentemente doado uma vedeta rápida para realizar evacuações médicas nas ilhas, o ministro disse que os custos são elevados e que é “melhor formar médicos que possam fazer o serviço” e melhorar a comunicação entre as ilhas.

“Esta é mais ou menos a panorâmica e a ideia do que estamos para construir e do plano de ação que vamos propor ao Governo para os próximos anos”, afirmou Dionísio Cumba.