Os valores foram hoje divulgados pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), no boletim climatológico referente ao mês passado, segundo o qual a 31 de julho 97% do território estava em seca meteorológica, 34% nas classes de seca severa e extrema, especialmente no Alentejo e Algarve.

Na terça-feira, o serviço europeu Copernicus já tinha informado que julho foi o mês mais quente alguma vez registado na Terra, marcado por ondas de calor e incêndios em todo o mundo.

Para a prevenção dos efeitos do calor intenso, a Direção-Geral da Saúde recomenda:

  • Aumentar a ingestão de água, ou sumos de fruta natural sem adição de açúcar, mesmo sem ter sede.
  • As pessoas que sofram de doença crónica, ou que estejam a fazer uma dieta com pouco sal, ou com restrição de líquidos, devem aconselhar-se com o seu médico, ou contactar a Linha Saúde 24: 808 24 24 24.
  • Evitar bebidas alcoólicas e bebidas com elevados teores de açúcar.
  • Os recém-nascidos, as crianças, as pessoas idosas e as pessoas doentes, podem não sentir, ou não manifestar sede, pelo que são particularmente vulneráveis - ofereça-lhes água e esteja atento e vigilante.
  • Devem fazer-se refeições leves e mais frequentes. São de evitar as refeições pesadas e muito condimentadas.
  • Permanecer duas a três horas por dia num ambiente fresco, ou com ar condicionado, pode evitar as consequências nefastas do calor. Se não dispõe de ar condicionado, visite centros comerciais, cinemas, museus ou outros locais de ambiente fresco.
  • No período de maior calor tome um duche de água tépida ou fria. Evite, no entanto, mudanças bruscas de temperatura.
  • Evitar a exposição directa ao sol, em especial entre as 11 e as 17 horas.
  • Ao andar ao ar livre, usar roupas que evitem a exposição direta da pele ao sol, particularmente nas horas de maior incidência solar. Usar chapéu, de preferência, de abas largas e óculos que ofereçam protecção contra a radiação UVA e UVB.
  • Evitar a permanência em viaturas expostas ao sol, principalmente nos períodos de maior calor, sobretudo em filas de trânsito e parques de estacionamento.
  • Nunca deixar crianças, doentes ou pessoas idosas dentro de veículos expostos ao sol.
  • Sempre que possível, diminuir os esforços físicos e repousar frequentemente em locais à sombra, frescos e arejados. Evitar actividades que exijam esforço físico.
  • Usar roupa larga, leve e fresca, de preferência de algodão.
  • Usar menos roupa na cama, sobretudo quando se tratar de bebés e de doentes acamados.
  • Evitar que o calor entre dentro das habitações.
  • Não hesitar em pedir ajuda a um familiar ou a um vizinho no caso de se sentir mal.
  • As pessoas idosas não devem ir à praia nos dias de grande calor e as crianças com menos de seis meses não devem ser sujeitas a exposição solar.

Segundo os dados então divulgados, julho foi 0,33°C (graus celsius) mais quente do que o mês que detinha o recorde até agora (julho de 2019, quando se registou uma média de 16,63°C). A temperatura do ar foi também 0,72°C mais quente do que a média (1991-2020) em julho, indicou o Copernicus.

Nos dados hoje divulgados o IPMA também salienta o facto de julho ser o mais quente e de a temperatura média estimada apresentar um desvio de mais 0,7°C em relação à média do período 1991-2020.

Em diversas regiões no hemisfério norte, particularmente no sul da Europa, foram registadas ondas de calor de elevada intensidade e extensão, tendo sido registadas anomalias de temperatura média do ar de cerca de +4ºC na Itália, Grécia e Espanha.

Tal deveu-se ao transporte de massas de ar muito quentes e secas do norte de África para o sul da Europa. No norte de África e no Ártico canadense foram também registadas temperaturas do ar muito elevadas, com anomalias de +5ºC e +7ºC, respetivamente.

No entanto, a parte continental portuguesa teve temperaturas normais para a época, sem ondas de calor, devido ao chamado anticiclone dos Açores, que provocou a entrada de ar marítimo de norte (a nortada), mais húmido e frio.

A situação, habitual, também impediu que chovesse, pelo que julho foi muito seco em relação à precipitação. A temperatura média esteve um pouco acima do normal (+0,34ºC), a mínima -0,23 ºC abaixo do normal, e a máxima +0,90 acima do normal.

Julho foi em Portugal o quinto mês de julho mais seco desde 2000 e nesse mês diminuíram os valores de percentagem de água no solo em todo o território, sendo mais significativo nas regiões do Nordeste Transmontano, vale do Tejo, Alentejo e Algarve.

“Estas regiões têm valores de percentagem de água no solo inferiores a 10 %, sendo que em muitos locais o teor de água no solo está ao nível do ponto de emurchecimento permanente”, alerta o IPMA no boletim climatológico de julho.