“Quando se tem um novo vírus e uma nova variante do tipo que temos neste país, quando se tem dilemas tão difíceis e pesados como este Governo enfrentou durante o último ano, não existem respostas fáceis”, admitiu, durante o debate semanal no parlamento.

Johnson respondia ao líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, que acusou o chefe do Executivo de ter subestimado a dimensão da crise e cometido vários erros, ao decretar um confinamento tarde demais na primavera e novamente no outono e em janeiro, ignorando o conselho dos cientistas.

Starmer referiu também atrasos com o aprovisionamento de equipamento de proteção para os profissionais de saúde, o resguardo dos lares de idosos, a implementação sistemas de testagem e rastreamento e o recuo no alívio das restrições durante o Natal.

“Receio que não tenha aprendido a lição”, disse o líder do maior partido da oposição.

Boris Johnson reiterou assumir a responsabilidade pelas decisões tomadas pelo Governo durante pandemia e prometeu que “haverá uma altura em que vamos aprender as lições do que se passou e refletir sobre elas e preparar, mas não penso que este seja o momento, enquanto estamos no meio de uma luta contra uma nova variante”.

O chefe do Executivo disse ainda que “o confinamento perpétuo não é a resposta” e que pretende anunciar “dentro de algumas semanas” a estratégia para sair do atual confinamento, que não tem fim previsto, incluindo para o encerramento das escolas.

Uma parte importante do plano é vacinar os primeiros quatro grupos de pessoas mais vulneráveis até meados de fevereiro, cerca de 15 milhões de pessoas, e depois continuar para o resto dos adultos de acordo com uma lista de prioridades definida por um organismo independente.

O Reino Unido adiantou-se ao resto da Europa com uma campanha de vacinação contra a covid-19 em grande escala para sair da crise de saúde, tendo mais de 6,8 milhões de pessoas já recebido a primeira dose de duas doses.

O Reino Unido tornou-se o primeiro país europeu a romper a barreira das 100 mil mortes devido a pandemia covid-19, até agora só alcançada pelos Estados Unidos, Índia, Brasil e México.

Na terça-feira foram registadas 1.631 mortes, elevando o total para 100.162, mas o balanço sobe para 103.602 se forem somados os casos cujas certidões de óbito fazem referência ao novo coronavírus como fator contributivo.

Numa entrevista à estação ITV, a ministra do Trabalho, Therese Coffey, disse na terça-feira existirem uma variedade de razões pelas quais as pessoas infelizmente morreram, algumas delas serão a idade de nossas populações, outras serão a obesidade de nossa população”.

Porém, pressionada a explicar em detalhe esta análise, alegou a necessidade de terminar a entrevista por videochamada e desligou.

Em declarações à BBC, o professor Calum Semple, membro de um grupo de cientistas que aconselha o Governo, estimou que o país poderá contar com mais 50.000 mortes durante a pandemia covid-19.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.149.818 mortos resultantes de mais de 100 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço da Universidade Johns Hopkins, dos EUA.

Em Portugal, morreram 11.012 pessoas dos 653.878 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.