Nos últimos quatro anos, Pedro Costa, investigador do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra, recorreu moléculas de gordura e proteínas para tornar o tratamento de uma forma de tumor cerebral altamente maligna, o glioblastoma, mais eficaz, fruto das descobertas científicas que foi fazendo ao longo desse período. «Foi demonstrado que nanopartículas compostas por moléculas de gordura, às quais se junta uma proteína que reconhece especificamente células tumorais, entregam de forma eficiente pequenas moléculas terapêuticas (ácidos nucleicos) a essas células», explica.

Quais as vantagens?

«Uma droga utilizada em quimioterapia poderá ser encapsulada nestes veículos de transporte, permitindo que uma maior quantidade chegue ao tumor. Desta forma, estes veículos poderão potenciar a quimioterapia e ajudar a diminuir os efeitos secundários nos órgãos saudáveis», esclarece o especialista.

Qual é o próximo passo?

«Estamos [em 2015] numa etapa precoce de estudos pré-clínicos (em animais de laboratório), com vista a maximizar a eficiência desta terapia, o que poderá acontecer nos próximos dois a três anos. Este passo será essencial, pois teremos de obter um efeito antitumoral mais forte antes de avançar para ensaios clínicos, o que só deverá acontecer dentro de oito a dez anos», adianta Pedro Costa.

Descodificador de termos:

- Glioblastoma

Forma altamente maligna de tumor cerebral que reduz a vida dos doentes para 12 a 15 meses, após diagnóstico.

- Ácidos nucleicos

Macromoléculas localizadas no núcleo das células.

- Nanopartícula

Partícula microscópica com dimensão inferior a 100 nanómetros (unidade de medida de comprimento do Sistema Internacional equivalente a um milionésimo de milímetro).

Texto: Carlos Eugénio Augusto