Numa nota publicada no ‘site’ da Universidade do Porto, o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) revela que o estudo, publicado na revista Journal of the American Geriatrics Society, procurou “avaliar a transmissão da infeção e a sua letalidade entre residentes e trabalhadores de lares da região Norte” do país.

O estudo incluiu dados sobre a idade, diagnóstico e prognostico de infeção pelo SARS-CoV-2 de 247 lares da região Norte referentes ao período entre abril e junho de 2020, totalizando 13.376 indivíduos, sendo que destes 7.642 eram residentes e 6.094 eram trabalhadores.

A média de idades dos residentes era de 85 anos e a dos trabalhadores de 46 anos.

Durante o período em análise, 3,5% dos idosos residentes e 2,4% dos trabalhadores testaram positivo ao novo coronavírus.

No estudo, os investigadores concluíram que a taxa de letalidade da covid-19 foi “48% mais alta nos residentes destas instituições quando comparada com a população geral, tendo em conta a sua distribuição etária”.

“Um quinto dos idosos residentes infetados acabou por falecer de covid-19, enquanto entre os trabalhadores avaliados não foram observadas mortes”, salienta o instituto do Porto.

Além da taxa de letalidade ser superior nos residentes, o estudo verificou que a taxa de infeção foi também superior entre os residentes e os trabalhadores, comparativamente à população geral.

“Os residentes apresentavam um risco acrescido de infeção de 37% quando comparados com a população geral. Os trabalhadores apresentavam o dobro do risco de infeção”, refere.

Citada na nota, a investigadora Teresa Leão, primeira autora do estudo, afirma que a elevada mortalidade entre os residentes poderá prender-se com as “comorbilidades graves e variadas da população residente em lares, mas também pela gestão da infeção nestas estruturas numa fase inicial da pandemia”.

O ISPUP acrescenta ainda que o risco acrescido de infeção observado em algumas estruturas poderá estar relacionado com as “condições de vida e trabalho neste tipo de instituições, tipicamente de maior ocupação, e à falta de trabalhadores treinados para o controlo da infeção e equipamento adequando de proteção individual”.

A investigação, desenvolvida no âmbito da Unidade de Investigação em Epidemiologia (EPIUnit) do ISPUP, contou com a colaboração dos investigadores Milton Severo e Henrique Barros.

A covid-19 provocou pelo menos 4.593.164 mortes em todo o mundo, entre mais de 222,46 milhões de infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

Em Portugal, desde março de 2020, morreram 17.836 pessoas e foram contabilizados 1.052.127 casos de infeção confirmados, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil ou Peru.