As perturbações uterinas podem alterar o tamanho, a forma e/ou a estrutura do útero. Este órgão, em “forma de pera”, é constituído por duas partes: o colo do útero, que é a sua base, e o corpo, que forma a parte principal. Todos os meses, o revestimento do corpo do útero engrossa, preparando-se para uma possível gravidez. Caso esta não ocorra, o revestimento é expelido como fluxo menstrual. Algumas mulheres nascem com um útero bicórneo, uma forma rara que a maioria das mulheres desconhece. Uma condição que é aqui explicada pela Intimina, marca de produtos para cuidados da saúde íntima da mulher.
Muitas mulheres podem passar a vida inteira sem se aperceberem de que têm estes problemas. As taxas estimadas de anomalias uterinas congénitas (CUAs) são de 5,5% numa população geral, 8,0% em mulheres inférteis, 13,3% em mulheres com histórico de abortos espontâneos e 24,5% naquelas que enfrentam perdas gestacionais e infertilidade. Geralmente, estas condições só são identificadas durante cirurgias, exames como ecografias ou ao tentar engravidar.
Útero bicórneo: o que é?
O útero bicórneo forma-se quando os ductos de Müller, que dão origem ao útero, não se fundem completamente durante o desenvolvimento. Isto faz com que a parte superior do útero fique dividida em duas "cavidades", conferindo-lhe o característico formato de coração.
Embora a maioria das mulheres com esta condição não apresente sintomas, algumas podem experienciar períodos menstruais dolorosos, dor pélvica, dor abdominal, dor durante as relações sexuais ou abortos recorrentes. Ainda assim, não é incomum que a condição permaneça por diagnosticar até que a mulher realize uma ecografia durante a gravidez ou procure tratamento para problemas de fertilidade.
Como afeta a gravidez?
As mulheres com útero bicórneo geralmente conseguem engravidar sem dificuldades, mas podem surgir complicações durante a gravidez. Devido à forma singular do útero, há menos espaço para o bebé se movimentar, o que pode resultar em restrição de crescimento intrauterino. Esta condição pode causar problemas mais tarde na gravidez, incluindo um maior risco de aborto espontâneo, parto prematuro e posição pélvica do bebé (bebé de nádegas). Apesar disso, muitas mulheres com esta condição conseguem ter gravidezes bem-sucedidas, embora apresentem um risco mais elevado para estas complicações.
Tratamento
Em casos raros, um útero bicórneo pode necessitar de intervenção cirúrgica, especialmente se uma mulher tiver sofrido múltiplos abortos espontâneos. A cirurgia, conhecida como metroplastia de Strassman, tem como objetivo corrigir a forma de coração do útero, removendo o tecido responsável pela indentação. Normalmente realizada por via laparoscópica, esta técnica minimamente invasiva apresenta uma taxa de sucesso de 88% para gravidezes viáveis. Após a cirurgia, é geralmente recomendado que as mulheres aguardem alguns meses antes de tentarem engravidar, devido ao risco aumentado de rotura uterina durante o parto.
Para a maioria das mulheres, a cirurgia não é necessária, e os sintomas podem ser geridos com o acompanhamento de um profissional de saúde. Consultas regulares e uma comunicação aberta com o médico são essenciais para compreender a sua situação específica e tomar decisões informadas sobre a sua saúde reprodutiva.
O útero bicórneo é uma condição rara e muitas vezes não detetada, que pode não ter impacto significativo na vida de uma mulher, exceto se surgirem complicações durante a gravidez. Compreender esta condição e descobrir potenciais riscos com um profissional de saúde é essencial para detetar os sintomas e planear a gravidez. Apesar da cirurgia ser uma opção para algumas mulheres, muitas vivem com esta condição sem dificuldades. Seja qual for a necessidade de tratamento, o mais importante é estar bem informada e contar com apoio no percurso de cuidados de saúde.
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