Nos últimos tempos, há muita gente a virar-se para eles. São conhecidos como leites mas, em comum com o leite de vaca, as bebidas vegetais só têm o aspeto e o facto de poderem ser usados em algumas confecções culinárias. Produzidas através da adição de água a vegetais triturados (nomeadamente cereais, frutos secos e leguminosas), estas bebidas, embora ricas em termos nutricionais, não são equivalentes ao leite de origem animal. «O tipo de proteína é completamente distinto. No leite de vaca, as proteínas são completas, ou seja, possuem todos os aminoácidos essenciais», explica Patrícia Segadães, nutricionista.

«Também os minerais apresentam algumas diferenças, por exemplo o ferro encontrado nos produtos de origem animal (heme) é muito mais absorvível pelo organismo, comparativamente ao ferro dos produtos de origem vegetal», explica a especialista, que considera que o leite de origem animal pode não ser sempre a melhor opção, mas lembra que uma correta ingestão de produtos de origem animal e vegetal é importante para uma alimentação equilibrada. Quem optar por retirar os alimentos de origem animal da sua dieta deve ingerir outras fontes para compensar a ausência de alguns aminoácidos, ferro e cálcio.

Bebida de soja

«É fonte de cálcio e de vitaminas do complexo B. No processo de fabrico, a soja deve ser cozida de forma a retirar parte dos seus constituintes antinutricionais que afetam a absorção de nutrientes». A sua textura é aveludada e o sabor intenso embora um pouco amargo. A nutricionista alerta, no entanto, para o facto de crianças e bebés só deverem beber ou comer produtos feitos a partir de soja sob recomendação médica. «Alguns estudos indicam que a soja pode ter efeitos sobre o desenvolvimento hormonal da criança», refere.

«Outros relacionam o consumo excessivo de soja com efeitos indesejáveis na tiroide, pelo que pessoas com hipotiroidismo devem consumir esta bebida de forma moderada. São também cada vez mais as pesquisas que indicam que a ingestão de soja pode alterar o regular funcionamento do sistema hormonal feminino, pelo que deve ser consumida com moderação por mulheres», sublinha ainda. Cada 100 ml desta bebida têm cerca de 60 kcal.

Bebida de amêndoa

«É uma excelente fonte proteína vegetal, de minerais, como zinco, magnésio, potássio, e apresenta também um elevado teor em cálcio e de vitaminas do complexo B», explica a nutricionista. É Cremosa e ligeiramente adocicada e por cada 100 ml apresenta 50 Kcal. É aconselhável a «todos os que não sejam alérgicos a este fruto seco», especifica a dietista.

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Bebida de coco

«É muito rica em gordura de excelente qualidade. Por norma, as bebidas de coco à venda são compostas por uma mistura de bebida de arroz com coco», afirma a especialista. De textura cremosa, adocicada e com um ligeiro, mas marcado, sabor a coco, Patrícia Segadães aconselha  o seu consumo a «praticamente todas as pessoas, exceto as que tiverem alguma alergia ou intolerância a este alimento», adverte. Conta com cerca de 45 Kcal por cada 100 ml.

Bebida de aveia

«É uma excelente fonte de fibra, sendo a bebida vegetal que mais oferece este nutriente. É também uma ótima fonte de selénio, magnésio, zinco e potássio», afirma Patrícia Segadães. De sabor intenso, possui uma textura aveludada e cerca de 45 kcal por cada 100 ml. Quase todos podem consumi-la, «exceto quem tem alterações intestinais e que, por recomendação médica, deva controlar o consumo de fibras», refere.

Bebida de quinoa

«Este cereal é muito rico em hidratos de carbono e apresenta um bom aporte« de proteínas vegetais, ferro, fósforo e cálcio», esclarece Patrícia Segadães. É leve e de sabor suave e conta com 60 kcal por cada 100 ml. «Dificilmente encontramos alguém a quem o consumo desta bebida não possa ser recomendado», diz a especialista.

Bebida de millet

«É rica em proteínas, uma boa fonte de magnésio e fósforo e é pobre em gordura», realça Patrícia Segadães. O sabor é intenso mas a textura é aveludada e tem apenas 45 kcal por cada 100 ml. Podem bebê-la «todas as pessoas quase sem exceção», garante.

Bebida de espelta

«Feita a partir de um tipo de trigo que contém mais proteína, vitaminas e fibras do que o comum», refere a especialista. É uma bebida mais encorpada aconselhável a quase todos, excepto intolerantes ao glúten. O aporte calórico é de 55 kcal por cada 100 ml.

Bebida de kamut

«Feita a partir de um tipo de trigo é rica em fibras e vitaminas», faz notar Patrícia Segadães. Encorpada e de sabor marcado. Pode ser bebida por todos, excepto intolerantes ao glúten. Os alérgicos ao trigo tendem a tolerar esta bebida com um aporte calórico de 60 kcal por cada 100 ml.

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O que valerá a pena comprar?

- Bebidas combinadas

Algumas bebidas vegetais combinam mais do que uma fonte vegetal, «o que as torna mais saborosas e interessantes do ponto de vista nutricional». Neste grupo, Patrícia Segadães elege as versões que juntam arroz com coco, arroz com avelã e arroz com amêndoa.

- Bebidas com aromas

Segundo Patrícia Segadães, «são péssimas». «Qualquer produto ao qual é adicionado açúcar ou aromas artificiais está transformado numa má opção. É importante que leia o rótulo do seu produto e que verifique, na lista de ingredientes, se existe ou não adição de açúcar», alerta.

- Bebidas enriquecidas

Alguns destes produtos são enriquecidos em vitaminas e minerais, uma opção que, para Patrícia Segadães, não é necessária no caso de quem segue uma alimentação equilibrada: «o organismo tem muito mais facilidade em absorver estes nutrientes através de alimentos que os contenham naturalmente, comparativamente a alimentos enriquecidos artificialmente».

Como usar

1. Embora estas bebidas não sejam, em termos nutricionais, análogas dos laticínios, podem tomar o seu lugar em receitas, tornando-as mais leves e mais fáceis de digerir. É o caso de pratos feitos com natas, molho branco ou bolos.

2. Em geral, podem ser aquecidas, consumidas ao natural, com cereais, em batidos e utilizadas em diversas confeções culinárias.

3. Dado o seu sabor intenso, podem não agradar ao paladar de todos. Pode adicionar-lhes canela, baunilha, café ou fruta fresca.

Texto: Catarina Madeira com Patrícia Segadães (nutricionista)