Este tipo de cancro pode desenvolver-se em qualquer parte do estômago e, com o passar do tempo, espalhar-se para outros órgãos. É mais frequente em homens do que em mulheres e a sua incidência aumenta com o avanço da idade, sobretudo a partir dos 50 anos. A maioria das pessoas diagnosticadas com cancro gástrico, nome por que também é conhecido o cancro do estômago, encontra-se entre os 55 e os 75 anos.

"Para além de ser um tipo de cancro muito agressivo [pode aumentar ao longo da parede do estômago, para o esófago e para o intestino delgado, atingindo, por vezes, os pulmões, os ovários e até os gânglios linfáticos acima da clavícula], é, frequentemente, assintomático na fase inicial, o que explica o seu mau prognóstico", explicou à edição impressa da revista Prevenir o médico oncologista Paulo Cortes.

Fatores de risco

Segundo Paulo Cortes, entrevistado pela publicação de saúde enquanto coordenador da Unidade de Oncologia do Hospital dos Lusíadas, "os nitratos que ingerimos podem ser transformados em nitritos e dar origem a substâncias carcinogénicas". Estão presentes, sobretudo e maioritariamente, em alimentos tratados com fertilizantes, com particular intensidade em culturas de estufa e alimentos fumados ou salgados.

O álcool e o tabaco também estão na lista de fatores de risco, assim como a infeção por uma bactéria chamada Helicobacter pylori. "No entanto, só uma minoria das pessoas infectadas com esta bactéria desenvolve cancro do estômago, já que este processo está relacionado com a estirpe particular do agente infeccioso e com o desenvolvimento de gastrite crónica nalgumas pessoas com susceptibilidade genética particular", refere.

Os sintomas que não deve ignorar

Inicialmente, os sintomas de cancro de estômago são os de uma possível úlcera péptica gástrica ou de gastrite, embora a grande maioria das úlceras pépticas não seja cancerosa. Dor ou enfartamento após as refeições são, por isso, sintomas que deve ter em atenção. A perda de apetite e de peso, bem como o vómito, são sinais de alarme importantes mas, de acordo com Paulo Cortes, já aparecem tardiamente.

Segundo o oncologista, "por vezes, não há sintomas mas a lesão sangra, o doente vai perdendo sangue aos poucos e quando se fazem análises de rotina, por exemplo, num check-up, surge uma anemia que merce ser investigada", refere.

Como diagnosticar o cancro gástrico

O diagnóstico do carcinoma do estômago é, geralmente, feito após queixas semelhantes às da úlcera gástrica. "É feita uma endoscopia digestiva alta com recolha de amostras por biopsia, cuja análise histológica permite distinguir uma
úlcera benigna de uma cancerosa", salienta o médico oncologista Paulo Cortes.

Formas de tratamento

O tratamento do cancro gástrico é, na maioria dos casos, cirúrgico. "Pode utilizar-se a quimioterapia ou a radioterapia, quer antes ou após a cirurgia, para complementar este tratamento mesmo em casos mais avançados para controlar a doença e parar a sua progressão", acrescenta o especialista, que garante que é possível prevenir o cancro do estômago, seguindo três regras fáceis de adotar e de implementar no dia a dia.

1. Evite o tabaco e o álcool.

2. Detete e trate-se em caso de infeção com Helicobacter pylori.

3. Evite alimentos com nitratos, nomeadamente os fumados e os processados, para além daqueles que são tratados com fertilizantes.

Texto: Cláudia Pinto com Paulo Cortes (médico oncologista)