
Os aplausos soam, as luzes acendem e a música começa. É ao som da guitarra e do tema 'Verdes Anos', de Carlos Paredes, que se inicia o desfile da Pé de Chumbo. Em vez de apresentar apenas a coleção de outono/inverno 2025/26 ou primavera/verão 2026, a marca portuguesa optou por um crossver entre as duas temporadas.
"Como a coleção verão não estava completa, porque só necessitamos dela em setembro e ainda não está completamente pronta, decidi misturar coisas e complementar com o tema que escolhi", explica Alexandra Oliveira ao SAPO Lifestyle sobre esta apresentação que encerrou a 54.ª edição do Portugal Fashion.

Apesar de não lhe ter atribuído um tema específico, a coleção foi construída em torno daquela que é uma peça intemporal, que pode ser usada de janeiro a janeiro e que não pode faltar no armário feminino: o vestido que aqui ganhou novas texturas e novas formas. "Esta estação temos peças muito justas, muito junto ao corpo, mais sexy do que é normal", refere a designer sobre as silhuetas femininas que desfilaram pelo Museu do Carro Elétrico, no Porto, que também incluíram conjuntos de top e saia.
A par das versões mais simples, foram apresentados vestidos festivos que de básicos não têm nada. Estes surgem em diferentes comprimentos, que vão dos mini ao maxi, com ou sem bolsos, e em versões, lisas, perfuradas ou entrançadas. "A nossa técnica é sempre a mesma, tentamos é arranjar fios diferentes, texturas diferentes e desenhos diferentes para cruzar os fios", diz.

Em termos de texturas, a grande novidade são as franjas. "São vestidos mesmo com fios, todos em fios fininhos em franjas. Tem um degradê de cores que vai criar algum impacto. Tudo o que abane o desfile fica giro", referindo-se aos looks em versões sólidas ou bicolores.
Este detalhe também serviu para adornar os xailes usados como adereço em alguns dos 39 looks apresentados e que reforçam a ligação estética ao momento musical que acompanhou o desfile: o fado, interpretado pela voz de Ana Luísa Costa e uma orquestra de 10 músicos.

Apesar de confessar que já não lhe apetece incluir muitas transparências nos seus desfiles, Alexandra Oliveira teve de se render às evidências e incluir aquela que é uma proposta que faz parte do ADN da sua marca homónima criada em 1995. "Apesar de já não ter o nu por baixo, de ter um organza ou um chiffon, as minhas peças têm sempre buracos", diz entre risos.

O preto e o vermelho dominam a passerelle, contando com alguns apontamentos de rosa e bege. Os tons com brilho, que deram origem a criações em prata e ouro visualmente impactantes, também se afirmam neste crossover de temporadas e estão alinhados com as preferências do público do Médio Oriente. "Eu tenho de ter sempre muita atenção ao mercado, porque tenho uma estrutura com 20 pessoas a trabalhar. Não posso fazer coisas simplesmente porque gosto de as fazer. Tenho de pensar em vender para conseguir manter a estrutura que tenho e que, desde a pandemia, está ainda a 50%."
A temporada outono/inverno 2025/26 faz-se sentir através de camisolas, capas e casacos compridos aconchegantes, apresentados em combinações que juntam preto, vermelho, cinzento e bege.

Sobre o novo formato do Portugal Fashion – que daqui em diante irá ter uma periodicidade anual – Alexandra Oliveira expressa satisfação por dois motivos: para além de isso lhe permitir apresentar uma linha de verão, que é "a nossa melhor estação", o facto de o certame decorrer em julho permite-lhe "enviar o desfile para todo o lado porque as ações de venda são em setembro nas semanas de moda", conclui.
Clique na galeria e veja o desfile:
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