A artrite reumatoide é uma doença inflamatória crónica que afeta essencialmente as articulações. «É a principal doença reumática sistémica, devido à prevalência e problemas que suscita», alerta mesmo José Canas da Silva, reumatologista. Um estudo epidemiológico levado a cabo pela da Sociedade Portuguesa de Reumatologia em 2012 referia que cerca de 50.000 portugueses veem a sua vida afetada pelo problema. Para ler o testemunho de uma mulher que padece desta doença há 16 anos, clique aqui.

Quais são os sintomas?

Não integra o lote das doenças silenciosas, apesar de poder demorar, nalguns casos, muito tempo a manifestar-se. «Dor e inchaço, fadiga, abatimento, perda de apetite, diminuição do peso, febre e humor deprimido são, regra geral, os principais sintomas desta doença. Aparecem, principalmente, em repouso e atenuam-se com movimentos ou sob o efeito do frio», explica o especialista

«Além disso, um grande número de doentes sofre de rigidez matinal das articulações, ao acordar e após um repouso prolongado. Em alguns casos, formam-se pequenos nódulos palpáveis por baixo da pele, na proximidade das articulações (nódulos reumatoides)», realça ainda o reumatologista.

Qual a sua causa?

«Embora possa existir uma propensão genética por trás da artrite reumatóide, a verdadeira causa ainda permanece por descobrir. Mas supõe-se que assenta numa disfunção do sistema imunitário, que induz o ataque de células imunitárias contra a camada interna da cápsula articular, provocando uma inflamação», refere José Canas da Silva.

«Enquanto que a intensidade das inflamações normais agudas diminui quando a causa é abolida, no caso da artrite reumatoide a inflamação persiste durante mais tempo e torna-se crónica», acrescenta ainda o especialista.

As consequências para o doente

A patologia afeta seriamente, em muitos casos, a vida dos doentes. «Se não for diagnosticado precocemente (por vezes, chega a demorar cerca de 10 anos) e não beneficiar do tratamento adequado, o doente com artrite reumatoide pode ver a sua qualidade de vida seriamente comprometida quer no campo profissional quer a nível pessoal», explica o especialista.

Estima-se que cerca de 62% dos doentes com artrite reumatoide se encontrem incapacitados de realizar o seu trabalho, 42% estejam desempregados e 75% dos que se encontram empregados tiveram de fazer alguns reajustamentos no ambiente laboral. «Como consequência, muitas pessoas acabam por evoluir para quadros de depressão, baixa autoestima, a par dos, já por si, extremamente limitativos sintomas físicos da patologia», acrescenta ainda o reumatologista.

Quem afeta

Em Portugal, estima-se que existam cerca de 50.000 indivíduos com artrite reumatoide, sendo as mulheres duas a três vezes mais afetadas que os homens. Na maioria dos casos, manifesta-se por volta dos 40 anos, mas pode atingir todas as idades e até crianças.

Veja na página seguinte: A nova molécula que está a ser usada em doentes intolerantes às terapias atuais

Como tratar

Em finais de 2015, foi anunciado o sarilumab, uma nova molécula indicada para doentes intolerantes a muitas das terapias atuais. «Ainda não existe cura para a artrite reumatoide. Mas já existem terapêuticas eficazes na travagem da destruição articular, no alívio das dores e outros sintomas, bem como na manutenção da capacidade funcional óptima das articulações, permitindo que os doentes possam ter uma vida ativa e de qualidade», revela José Canas da Silva.

«A terapêutica farmacológica deve, contudo, ser acompanhada por medidas de suporte, tais como fisioterapia, cinesiterapia e ergoterapia, além de ser seguida de adaptações adequadas no estilo de vida e controlo das comorbilidades», enfatiza o especialista. No caso do sarilumab, apresentada no congresso anual do American College of Rheumatology, nos EUA, os resultados de um estudo apresentado revelaram indicadores positivos a vários níveis.

Texto: Ana Mendonça da Fonseca