O que é a Hepatite A?

Trata-se de uma infeção viral aguda causada pelo Vírus da Hepatite A (VHA), podendo ser transmitido diretamente por via fecal-oral a partir de pessoas infetadas, por contacto íntimo ou por ingestão de alimentos ou água contaminados.

A importância da consulta do viajante: os conselhos de uma médica
A importância da consulta do viajante: os conselhos de uma médica
Ver artigo

Qual a distribuição da doença?

A hepatite A é uma doença relatada mundialmente. Constitui uma das infeções preveníveis pela vacinação que mais frequentemente atingem o viajante não imunizado.

A doença possui uma distribuição heterogénea. Esta distribuição varia de acordo com as condições de saneamento, de controlo da água para consumo humano e do nível socioeconómico das populações. Globalmente são consideradas três áreas distintas de endemicidadade:

1) Alta endemicidade (regiões com condições sanitárias precárias, ex: África, Ásia, América do Sul e Central, nas quais a infeção é, em geral, adquirida precocemente na infância);

2) Endemicidade Intermédia (regiões com condições sanitárias variáveis (ex: regiões do leste da Europa);

3) Baixa endemicidade (regiões que incluem inclui desenvolvidos com boas condições sanitárias).

Qual o risco para os viajantes?

A hepatite A é uma infeção que pode ser prevenida pela vacinação. Os viajantes provenientes de zonas de baixa endemicidade podem ser mais suscetíveis à infeção pelo VHA. Os viajantes não imunizados com destino para países endémicos correm um risco significativo de contrair Hepatite A. O risco é particularmente elevado nos viajantes expostos a condições higio-sanitárias deficientes e/ou a água de consumo humano não controlada.

Os sintomas

O período de incubação desta doença é de 15 a 50 dias (média de 30 dias). Os sintomas mais comuns incluem: febre, mal-estar, falta de apetite, náuseas, dor e/ou desconforto abdominal e icterícia.

A infeção em crianças pequenas é normalmente moderada ou assintomática. A doença é habitualmente mais grave em adultos, com a duração de semanas na fase aguda e de meses na fase de recuperação. A forma grave e fulminante da doença pode ocorrer em mais de 2% dos casos de doentes com mais de 40 anos.

Diarreia do viajante. O que saber antes, o que fazer durante e os cuidados a ter depois
Diarreia do viajante. O que saber antes, o que fazer durante e os cuidados a ter depois
Ver artigo

Prevenção

A vacinação deve ser considerada a todos os viajantes não imunes que se dirijam para zonas altamente endémicas. Os viajantes com um risco elevado de adquirir Hepatite A devem ser fortemente encorajados a tomar a vacina, independentemente do destino.
Em Portugal, estão atualmente disponíveis duas vacinas, monovalentes para a Hepatite A. Estas vacinas podem ter uma apresentação pediátrica (a partir de 1 ano de idade) e uma apresentação para adulto. O esquema vacinal inclui uma dose inicial e um reforço posterior.

Encontra-se também disponível no nosso país uma vacina bivalente. Esta vacina combina a hepatite A e a febre tifoide e encontra-se indicada para os viajantes que estarão potencialmente expostos a doenças transmitidas pela água. Esta vacina pode ser inoculada a partir dos 16 anos de idade, com um reforço posterior para a vacina da hepatite A. Quando necessário e de acordo com indicação médica, três anos após esta inoculação, poderá ser realizado novo reforço da vacina da febre tifoide.

A vacina combinada para a hepatite A e hepatite B pode também ser considerada no caso de viajantes não imunizados e potencialmente expostos a ambos os vírus. Esta vacina encontra-se disponível com apresentação pediátrica e para adulto, em esquema de três doses.

Algumas recomendações

Os viajantes não imunes para a hepatite A, isto é, que nunca estiveram infetados ou não foram vacinados) devem ter cuidado particular com as regras de higiene alimentar, de forma a evitar a ingestão de alimentos e água potencialmente contaminados.

A Sociedade Portuguesa de Medicina do Viajante, recomenda a realização da vacina contra a Hepatite A aos viajantes suscetíveis a esta doença que se desloquem para países de alta/intermédia endemicidade, independentemente da duração da estadia.

As explicações são da médica Gabriela Saldanha e não dispensam a Consulta do Viajante.