Débora Água-Doce, psicóloga e fundadora da Clínica da AutoEstima, apresenta aos leitores um curso prático sob a forma de livro. Composto por teoria, pensamentos, reflexões e exercícios, Aprende a Amar-te: Guia para uma autoestima saudável (edição Arena) convida o leitor a um caminho em vários passos: Conhecer-se, aceitar-se, potenciar-se, cuidar-se e amar-se. A autora elabora um plano de 21 dias para colocar em prática todos os ensinamentos.

Do livro, publicamos o excerto abaixo:

O que é a autoestima

“´Respeito´ é uma das palavras mais bonitas que conheço. Não tem o sentido de ‘honra, dignidade´ que adquiriu, entretanto. Respeito significa, simplesmente, respeitar, isto é, olhar para trás, tomar em consideração. Significa tão-somente olhar de novo. Antes de se tornar parte de uma sociedade, de uma cultura, de uma civilização, conhecia o seu verdadeiro eu. Não é por acaso que continua a pensar na sua infância como o período mais bonito da sua vida. É uma memória há muito esquecida, porque numa determinada altura da sua vida, nos seus primórdios, possuiu o seu verdadeiro eu. Se respeitar, isto é, se olhar para trás e penetrar fundo na sua existência, encontrará o lugar onde começou a perder-se de si próprio e onde o ego, o falso eu, começou a formar-se. Esse momento é um momento de iluminação.”

Osho

A investigação científica na área da autoestima tem evidenciado que uma perceção negativa sobre quem somos pode promover várias perturbações psicológicas, nomeadamente ansiedade, depressão, insegurança… o que nos faz concluir que a autoestima é um dos mais importantes indicadores de saúde mental. A definição de autoestima tem sido descrita de várias formas e interpretada à luz de várias teorias ou conceitos da psicologia.

A primeira definição de autoestima surgiu em 1892, com o filósofo e psicólogo William James. Para ele, a autoestima era o resultado da maior ou menor concordância entre as expectativas que cada indivíduo tinha para si próprio, em áreas relevantes da sua vida, e as experiências de sucesso efetivamente alcançadas. Rosenberg (1965) define autoestima como uma avaliação que o indivíduo faz sobre si mesmo, que se expressa numa atitude positiva ou negativa em função de si, em que este aprova ou não o resultado. Uma autoestima elevada implica que o indivíduo sinta que tem valor e inclui a dimensão dos sentimentos positivos que tem sobre si. Neste contexto, uma baixa autoestima é originada por uma diminuição do indivíduo perante si próprio, através de uma autoavaliação negativa. De acordo com este autor, a autoestima global é baseada não só na avaliação da qualidade dos seus constituintes, como o autoconceito, mas simultaneamente na avaliação das qualidades que são importantes para o indivíduo.

Ao longo do tempo, várias teorias enraizadas na psicologia foram propostas para explicar o desenvolvimento da autoestima. No entanto, apesar da sua diversidade, surge como transversal a premissa de que o seu desenvolvimento tem um início precoce na infância, prolongando-se por toda a vida do indivíduo (Townsend, 2011). Em todas as teorias surge também como premissa comum que as relações com os outros, desde as primeiras interações com as figuras parentais, têm uma relevância determinante na construção da autoestima.

A importância da autoestima

Ter uma autoestima saudável é fundamental para o bem-estar emocional e psicológico. Uma autoestima positiva está intimamente ligada à saúde mental e ao bem-estar emocional. Pessoas com uma autoestima equilibrada tendem a apresentar menor risco de desenvolver problemas como ansiedade, depressão e transtornos alimentares.

Repara como influencia várias dimensões da nossa vida: Autoconfiança: Ter uma autoestima saudável permite que as pessoas confiem nas suas próprias capacidades e competências. Ganham confiança para enfrentar desafios, assumir riscos e seguirem os seus objetivos. A autoconfiança é essencial para lidar com os altos e baixos da vida de forma positiva.

Relacionamentos saudáveis: Uma autoestima saudável contribui para relacionamentos saudáveis e satisfatórios. Quando uma pessoa se valoriza e se respeita, ela é capaz de estabelecer limites adequados, tomar decisões assertivas e construir relacionamentos equilibrados e respeitosos com os outros.

Porquê desenvolver a autoestima? Para enfrentarmos “menos dor”. As explicações de Débora Água-Doce
Porquê desenvolver a autoestima? Para enfrentarmos “menos dor”. As explicações de Débora Água-Doce créditos: Arena

Resiliência: Ter uma autoestima saudável ajuda a desenvolver resiliência emocional. Pessoas com uma autoestima elevada têm maior capacidade de lidar com adversidades, superar fracassos e aprender com experiências desafiadoras. Elas têm uma atitude mais positiva e acreditam na sua capacidade de superação de situações difíceis.

Bem-estar emocional: Uma autoestima saudável está relacionada com um maior bem-estar emocional. Pessoas com uma autoestima elevada geralmente experimentam menos ansiedade, depressão e stress. Elas têm uma visão mais positiva de si mesmas e são mais capazes de lidar com as emoções negativas de forma saudável.

Autenticidade e autorrealização: Quando uma pessoa tem uma autoestima saudável, ela é mais capaz de se expressar autenticamente, abraçar os seus valores e interesses pessoais, e perseguir os seus sonhos e objetivos com paixão. Sente-se mais conectada consigo mesma e encontra maior satisfação na vida.