O entusiasmo pela criação do próprio negócio tem vindo a ser incutido, de forma mais ou menos explícita, em todos nós. A figura do empreendedor tem vindo a ser apresentada de forma bastante apelativa por entidades públicas e privadas, pela comunicação social e por um vasto conjunto de atores de todos os tipos e feitios.

Já poucos jovens aspiram ao clássico emprego das nove às cinco, onde seria possível desenvolver uma estável carreira ao longo de 40 anos. Numa sociedade em constante mudança, que glorifica a inovação, a capacidade de adaptação e o enriquecimento rápido, o emprego por conta de outrem pode parecer bastante limitativo.

Estamos na era das start ups, das websummits, dos coworks, dos ecossistemas empreendedores e de toda uma nova realidade laboral que rompe com a tradicional dicotomia empregador-empregado. Neste contexto, muitas pessoas aspiram à criação do seu próprio negócio, pois é por esta via que sonham encontrar uma maior realização pessoal e profissional, com um rendimento apelativo e uma maior autonomia.

Se se encontra a navegar esta onda de entusiasmo, fique com cinco conselhos que acreditamos serem importantes para que a sua decisão seja devidamente ponderada e refletida. Afinal,  é importante garantir que há água na piscina antes de mergulhar de cabeça.

  1. Tenha a certeza que deseja mesmo criar o seu próprio negócio e que não está apenas a seguir uma moda. É perfeitamente possível ter um trabalho das nove às cinco, numa qualquer empresa, que seja gratificante e satisfaça as suas ambições pessoais e profissionais. Não há nada de errado nisso, nem é uma situação menos meritória do que o empreendedorismo. Na verdade, apesar de o empreendedorismo ser geralmente entendido como a criação do próprio negócio, é possível empreender no contexto do trabalho por conta de outrem e também fora do contexto laboral. Empreendemos quando temos ideias inovadoras e viáveis e as colocamos em prática numa multiplicidade de arenas: a empresa em que trabalhamos; a escola que os nossos filhos frequentam; o bairro que habitamos; a cidade em que vivemos. Não há limites para além daqueles que impomos a nós próprios.
  2. Tenha em conta que, para criar o seu próprio negócio, não basta ter uma boa ideia, nem oferecer um produto ou serviço diferenciador e de qualidade. É preciso ter noções sólidas de gestão e, caso se comece com pouco investimento e sem capacidade para contratar terceiros, no início é essencial desempenhar diversas funções. A gestão financeira, comercial, das redes sociais, da relação com os clientes, já para não falar em todas as questões logísticas inerentes à prestação do serviço/entrega do produto, podem ter que ser asseguradas, numa primeira fase, pelo próprio empreendedor. Nunca esqueça que o mau desempenho em apenas uma destas funções pode determinar o fracasso de um negócio, pelo que é fundamental investir em formação para se capacitar com a devida antecedência para assegurar todas estas responsabilidades.
  3. Se está a trabalhar por conta de outrem e não tem uma poupança significativa ou outras fontes de rendimento que lhe permitam subsistir e investir no seu negócio, é prudente manter o seu emprego. Pode iniciar o seu próprio negócio de forma gradual, em part-time, enquanto continua a trabalhar. Assim pode testar o mercado, efetuar aprendizagens importantes e desenvolver as bases para que o seu negócio se torne sustentável, algo que pode demorar alguns anos a acontecer, principalmente quando se começa do zero.
  4. Mesmo antes de criar o seu próprio negócio, frequente contextos relacionados com empreendedorismo. Participe em eventos, palestras, workshops, encontros e outras iniciativas que lhe permitam relacionar-se com pessoas que tenham criado os seus próprios negócios. Tente conhecer não apenas os sucessos, mas também as histórias de fracasso, os desafios, os contratempos e todas as questões mais complicadas que por vezes passam despercebidas. Antecipe-se e prepare-se para lidar com estas questões antes de elas surgirem no seu caminho.
  5. Procure desde já contactar empreendedores que trabalham em áreas relacionadas com aquela que virá a ser a sua e com pessoas que se enquadram no tipo do seu futuro cliente. Por exemplo, as Mulheres à Obra reunem mulheres empreendedoras. Apesar de trabalharem em áreas muito diversas, no geral estão orientadas para o público feminino. Ou seja, são mulheres que trabalham para mulheres. Se esta é a sua realidade, pode aderir ao grupo e participar nas conferências e em outras iniciativas. Da mesma forma, encontra grupos semelhantes mas com um âmbito diferente, que pode ser definido em função do género, da região, do tipo de atividade ou de outros fatores. Ao aderir a estes grupos e iniciativas, estará a adquirir sensibilidade relativamente às necessidades e estratégias do mercado em que irá trabalhar, para além de fazer contactos que poderão vir a ser fundamentais para o seu negócio no futuro.