Mais de 40% das espécies de plantas do mundo estão em vias de extinção, o que significa que duas em cada cinco poderão deixar de existir nos próximos anos. Os números são avançados num novo relatório internacional elaborado pelos cientistas que trabalham para o Royal Botanical Gardens, Kew, em Inglaterra. A destruição do habitat natural dessas variedades botânicas é, segundo os investigadores, que estão a promover uma campanha de donativos para suportar os estudos científicos que fazem, a ameaça maior.

Para conseguir identificar e recolher amostras de muitas delas antes que desapareçam de vez, os especialistas enfrentam atualmente uma corrida contra o tempo. Nos últimos anos, intensificaram as ações no terreno com vista à inventariação dessas espécies e, surpreendentemente, descobriram algumas até agora desconhecidas. Só o ano passado, contabilizaram mais de 4.000 plantas e fungos, incluindo novos cogumelos. Na Europa e na China, foram descobertas seis espécies de Allium, da família do alho e da cebola.

Sequidão extrema verificada em 2018 e em 2019 no continente europeu vai passar a ser uma realidade cada vez mais comum
Sequidão extrema verificada em 2018 e em 2019 no continente europeu vai passar a ser uma realidade cada vez mais comum
Ver artigo

Na Califórnia, nos EUA, foram identificados 10 parentes afastados do espinafre e duas variedades selvagens de mandioca. No Texas, nos EUA, também foi descoberto azevinho-do-mar, uma planta com propriedades anti-inflamatórias reconhecidas. No Tibete, na Ásia, foi uma artemísia que combate a malária a surpreender os cientistas do Royal Botanical Gardens, Kew, que adicionaram ainda três novas variedades de prímulas aos seus registos. Apesar das novas descobertas, o panorama global, marcado pela poluição, pelo sobreaquecimento, pela sequidão e pela desflorestação, continua a preocupar os especialistas. O diretor científico da instituição ambiental britânica, sediada em Londres, está (muito) preocupado.

"Não conseguiremos sobreviver sem plantas nem fungos. A nossa vida depende deles. Sempre que perdemos uma espécie, perdemos uma oportunidade para a humanidade. Estamos a perder uma corrida contra o tempo, na medida em que estamos, muito provavelmente, a perder espécies mais rapidamente do que as que estamos a descobrir e identificar", alerta Alexandre Antonelli, o autor do relatório "State of the world's plants and fungi 2020". Desde 1750, já terão desaparecido mais de 571 espécies botânicas.