Desde criança que sonhava ser artista plástico. John Holcroft, ilustrador, cresceu em Lancashire, em Inglaterra, mas mudou-se para Yorkshire no início da década de 1980. Tinha apenas nove anos mas, nessa altura, a sua infância já girava à volta dos desenhos animados das manhãs de sábado e da construção de casas nas árvores que gostava de fazer. Mas nada se comparava à alegria que sentia ao receber material de desenho.

Inspirando-se no visual dos anúncios publicitários da década de 1950, John Holcroft cria hoje ilustrações satíricas que descrevem aquilo que considera estar errado na sociedade. Ilustrador desde 1996, já fez trabalhos para a BBC, a Reader's Digest e o Financial Times. O seu estilo tem vindo a evoluir e a reinventar-se ao longo dos anos. Em 2010, quando se rendeu por fim ao digital, mudou de registo gráfico e de foco.

A fragilidade dos sistemas políticos, a obscuridade das carreiras profissionais, a falta de romance, as questões ambientais, o problema das redes sociais, as dependências e o desperdício, temas que o incomodam, levaram o artista a abordar, nas suas ilustrações, o absurdo do mundo moderno, apresentando-o de forma crítica para apelar, simultaneamente, à reflexão, como pode comprovar na galeria de imagens que se segue.

Em adulto, na hora de definir o futuro, seguiu a carreira de designer gráfico sem grandes dúvidas. Vivia-se, no entanto, uma época de mudança tecnológica. O mundo preparava-se para uma revolução digital e John Holcroft, que sempre desenhou à mão, foi apanhado nesse período de transição e a falta de conhecimentos levou-o a procurar alternativas que lhe permitissem trabalhar sem ter que recorrer à tecnologia.

O ilustrador ainda começou a pintar em acrílico sobre tela mas, pouco tempo depois, acabou por render-se ao mundo digital. Hoje, a sua grande preocupação passa pela dependência da internet, dos dispositivos eletrónicos e das plataformas digitais que a sociedade criou. "Um novo padrão de entretenimento, sem qualquer qualidade, que se tornou aceitável e até, nalguns casos, a norma", criticou publicamente John Holcroft.

Além de colaborações pontuais com o The Guardian, o The Economist, a Condé Nast, o The New York Times, a Honda e o The Wall Street Journal, o ilustrador britânico também desenvolve trabalhos para outras empresas e até particulares. As encomendas podem ser feitas através do seu site, onde comercializa impressões, canecas, capas para telemóveis e edições limitadas das muitas ilustrações que ocupam o seu quotidiano.