“Não há bem que para sempre dure, nem mal que nunca se acabe”.

Começo desta forma porque uma das principais mudanças que ocorre durante este mês de Outubro é o enfraquecimento da quadratura entre Saturno em Sagitário e Neptuno em Peixes. As únicas “contas” a fazer, é que aquilo que verdadeiramente conta, fica e é mensurável, são os nossos Esforços. Como nos esforçámos para corrigir os nossos erros, falhas, para ultrapassar os nossos medos, superar obstáculos, e que aprendizagem ficou de tanto Sacrifício. Sei bem que por muitas vezes faço referência, e repito, esta necessidade de compreendermos a importância que têm os nossos esforços porque, é apenas através deles que seremos bem-sucedidos por entre os insucessos (recomendo a leitura do artigo “O que contam são os nossos Esforços”). Os trânsitos planetários marcam pequenas partes de processos que são longos. Marcam períodos concretos na nossa vida, mas a aprendizagem resultante das experiências que proporcionam durante esses períodos transcende os timings dos trânsitos. E por essa razão, mais do que nos preocuparmos em lançar foguetes porque finalmente vamo-nos ver livres da quadratura Saturno/Neptuno (até porque isso seria uma ilusão), trata-se de nos esforçarmos (novamente) por integrar na nossa Consciência os ensinamentos que proporcionaram.

Conforme tínhamos visto, já durante o mês de Setembro, verifica-se uma redução da mutabilidade e uma maior concentração de planetas em signos cardeais e fixos (nomeadamente Balança, Escorpião e Capricórnio). A energia cardeal estimula a iniciativa e o foco da energia passa a estar direccionado para as motivações que estão na base de novas decisões. Por isso passamos de uma energia mais dispersa, para outra mais objectiva e motivacional.

Esta alteração afecta igualmente o posicionamento de Saturno em Sagitário e Neptuno em Peixes (ambos em signos mutáveis) uma vez que temos Júpiter, regente de ambos os planetas, a transitar desde o dia 9 de setembro pelo signo da Balança. Ao longo de muitos meses, à medida que ingressavam em Gémeos e Virgem, os planetas pessoais activaram de forma muito intensa a tensão vivida entre Saturno e Neptuno, e muitos de nós sentiram na pele o esforço que isto representou, a desordem e a confusão nas suas vidas.

O último planeta a transitar por Virgem é Mercúrio. Após um longo período em domicilio, por onde transitou retrógrado até ao dia 22 de Setembro, ingressa em Balança a 7 de Outubro onde permanece até ao dia 24. Até ao dia 22 teremos 3 planetas em Balança - Mercúrio, Sol e Júpiter - a trazerem-nos a oportunidade de nos abrirmos aos outros, e de, através do encontro empático com a vida, respirar um pouco de paz e harmonia. Durante o posicionamento em Virgem preocupámo-nos em trabalhar falhas, em procurar encontrar alguma ordem por entre o caos, em desenvolver métodos e ferramentas que ajudassem a aprimorar e a aperfeiçoar o nosso modo de viver, a optimizar e a rentabilizar os nossos recursos dentro das limitações que (mesmo sem disso termos consciência) criámos nas nossas próprias vidas. Com a passagem por Balança pensamos agora em procurar algum equilíbrio, em compreender o que para nós tem valor, queremos e podemos partilhar com os outros. Entrar no pensamento qualificado, aquele que permite atribuir valor às experiências que atraímos e apreciar a beleza existente na vida. Procuramos partilhar os frutos do nosso trabalho e procuramos gerar, através do nosso pensamento, a força de atração que nos permite fazer pontes com o ambiente que nos rodeia. Estamos mentalmente mais despertos para pensarmos em espelho, com maior atenção à qualidade das nossas palavras, da nossa comunicação porque a qualidade de tudo isto terá reflexos em tudo com o qual estabelecemos relação. Mercúrio faz conjunção a Júpiter de 10 a 13 de Outubro, ampliando o nosso entendimento sobre os dois lados da balança, que em muito beneficiaremos se conseguirmos negociar e receber as opiniões e inputs dos outros. Talvez tenhamos que pensar além-fronteiras, de pensarmos de forma justa e equilibrada, e encontrarmos um denominador comum através do qual nos possamos entender mutuamente, por entre crenças, dogmas e orientações filosóficas. A partir do dia 18 de Outubro Vénus ingressa em Sagitário estabelecendo uma Recepção Mútua com Júpiter em Balança com o qual faz sextil entre o dia 24 e 29. Esta é uma relação que intensifica os benefícios que podem advir das parcerias e da partilha, permite igualmente expandir aquilo que damos e recebemos nas nossas relações, acreditar na nossa sorte e aventurarmo-nos e explorarmos a nossa fé no outro. Simultaneamente Vénus faz quadratura a Neptuno em Peixes, trazendo uma dificuldade em avaliar e distinguir de forma clara e objectiva as verdadeiras intenções implícitas em ambas as partes. Logo a seguir Vénus faz conjunção a Saturno (de 29 a 1 de Novembro) e caímos na real, apercebemo-nos que com os benefícios vêm as responsabilidades, e tomamos noção que existem limites ao que desejamos obter através do outro.

Mas esta procura por encontrar um pouco de equilíbrio ente as exigências e os benefícios terá muitos desafios ao longo do mês de Outubro. Esta Consciência e formas de pensar mais diplomáticas e sinérgicas entram em conflicto com a necessidade de romper radicalmente com qualquer tipo de limitação e restrição, e teremos que usar muito da nossa capacidade de análise e diálogo para ponderar e conseguir colocar em cada prato da balança aquilo que queremos manter e aquilo que teremos, inevitavelmente, de perder (Sol e Mercúrio em Balança fazem oposição a Úrano em Carneiro de 13 a 17 e de 19 a 21, respectivamente, e quadratura a Plutão em Capricórnio de 5 a 9 e de 15 a 17, respectivamente). Seremos forçados a decidir que compromissos queremos assumir e que parcerias queremos quebrar. Plutão em Capricórnio será o Apex deste T-square entre a oposição que Úrano em Carneiro faz com o Sol em Balança no dia 15, e com Mercúrio em Balança no dia 20. Isto quer dizer que estará exactamente no ponto médio da oposição nestas 2 datas. Nele ir-se-á concentrar a dificuldade entre romper radicalmente através da guerra, ou ponderar e negociar os interesses de ambas as partes de forma diplomática. Na pior das hipóteses abdicamos de ceder em alguma parte, mantendo uma obsessão cega por garantir o controle das circunstâncias, destruindo qualquer hipótese do acordo que permite a introdução de pequenas mudanças que sejam mais justas e equilibradas. Pela positiva, é a energia por excelência da “reforma”, a que permite aprofundar o melhor que pode existir quando pomos mais que uma cabeça a pensar e libertamo-nos do medo que essas mudanças podem provocar, até porque “duas cabeças pensam melhor que uma”. Se estivermos dispostos a isso, vemos que afinal não morremos por sair da nossa rigidez autoritária, e assim permitimo-nos pensar no lugar do outro partilhando as nossas ideias e, em conjunto, encontrarmos formas alternativas para resolver os problemas. Afinal, “é a conversar que a gente se entende”. Só assim teremos o verdadeiro poder de reestruturar as nossas prioridades na vida e hierarquizar o que precisa de mudança urgente.

Marte continua a transitar pelo signo de Capricórnio contribuindo para a tensão e o conflicto atrás descritos. Durante esta passagem faz conjunção a Plutão de 17 a 23 e quadratura a Úrano de 27 a 21. Procuramos agir para manter a autoridade e, na dificuldade em integrar a tensão, existe algo de implacável e austero na forma como o podemos fazer. Motivados pelo medo, agimos criando os obstáculos necessários à asfixia da boa vontade, impondo a ordem por meio da força e da violência.

O ciclo de lunação deste mês ocorre igualmente neste eixo cardeal com a Lua Nova do dia 1 de Outubro a 8º de Balança a fazer conjunção a Júpiter, e a Lua Cheia do dia 16 de Outubro a 23º de Carneiro a fazer conjunção a Úrano. Esta última acrescenta impacto a toda a tensão descrita anteriormente, sendo aqui que o conflicto atinge o seu pico e a tomada de Consciência é urgente.

A partir de 24 de Outubro, já o Sol e Mercúrio se encontram em Escorpião, e transitam conjuntos até ao final do mês. Aqui é altura para pensar nas “maçãs podres” que ainda contaminam a fruta do nosso pomar. Mas também permite-nos pensar em formas mais profundas de resolver os conflictos, em comunicar o que verdadeiramente nos preocupa e aflige a nossa Consciência. Desejavelmente temos a oportunidade de tomar Consciência das Mensagens que emergem, vindas do nosso inconsciente. Mas sobre este trânsito mais será desenvolvido em Novembro.

Entretanto, bom trabalho para Outubro.

Sobre Ana Paula Pestana:
Ana Paula Pestana sempre desenvolveu a sua actividade académica e profissional na área das ciências, mas a sua busca espiritual e o interesse pelos símbolos levou-a a mudar todo o sentido e orientação que sua vida tinha até então. Aconteceu no dia em que assistiu à sua primeira aula de astrologia no Quíron com Maria Flávia de Monsaraz, em 2006. Desde então completou vários estudos em astrologia passando igualmente pela Faculty of Astrological Studies (Londres) e pelo AlmaSoma (Instituto de Transpessoal) para o desenvolvimento de ferramentas ligadas à psicologia e à espiritualidade. Desenvolve o seu conhecimento e prática astrológica (em consultas, formação, palestras e workshops) com base nos princípios do esoterismo porque, no seu entender, a astrologia é mais do que um conhecimento, é uma filosofia de vida que a fez sentir-se em Amor com a Vida. Paralelamente desenvolve um projecto de ensino em astrologia e desenvolvimento transpessoal em conjunto com a AlmaSoma (Instituto de Transpessoal) que terá início em Setembro de 2016 e que oferece ao estudante de astrologia uma estrutura de ensino profunda e completa (consulte o seu blog para mais informações).
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