Anne Malassagne trabalhava na L’Oréal Paris quando, por contingências familiares, se viu praticamente obrigada a dirigir o negócio de produção de champanhe fundado pelo bisavô, Armand-Raphaël Graser, em 1920. «Se não o fizesse, o meu pai, que estava doente, teria de o vender, uma vez que os meus irmãos não lhe quiseram suceder», revela a produtora. Anos mais tarde, o irmão, Antoine Malassagne, juntou-se lhe à frente dos destinos da AR Lenoble.
Lenoble, em homenagem à expressão «o nobre», foi o nome escolhido por Armand-Raphaël Graser para, juntamente com as iniciais dos seus dois primeiros nomes, dar origem à sua marca. Dois anos depois do fim da I Guerra Mundial, o empresário, originário da Alsácia, não quis usar o apelido alemão para vender o produto que acabava de criar depois de se mudar de armas e bagagens para a aldeia de Chouilly, nos arredores de Reims, região francesa produtora de champanhe. Hoje, a empresa exporta para países como a Bélgica, o Reino Unido, os EUA e o Japão, os seus principais mercados.
«Sendo um vinho, deve ser saboreado em copos de vinho e não em flutes. Todos os vinhos necessitam de oxigénio para abrir», afirma a empresária.
A temperatura certa para servir champanhe
A temperatura a que os portugueses tendem a consumir a bebida é outros dos erros apontados pela bisneta do fundador da marca. «Não deve ser bebido frio. Muitas vezes as pessoas gastam muito dinheiro e champanhe e depois não o bebem da maneira mais correta, que é à temperatura ambiente», afirma a bisneta de Armand-Raphaël Graser, que, ironicamente, morreu depois de cair num tanque durante umas vindimas. Hoje, a empresa familiar, uma das poucas do género a funcionar na região, ocupa uma área de 18 hectares.
Para se apresentar no seu melhor, um champanhe deve envelhecer «pelo menos três anos», afiança Anne Malassagne, que não se cansa de elogiar o AR Lenoble Grand Cru Blanc de Blans 2008, um dos vinhos que já apresentou em Portugal. «A colheita desse ano foi fantástica. Aconselho-vos a comprá-lo agora para o guardarem na garrafeira para beber daqui por 20 anos. É uma pena desperdiçá-lo agora», considera a empresária.
«O vinho é, acima de tudo, prazer», afirma ainda a especialista, que também contraria a ideia de que as mulheres só consomem vinho doce. «Não é bem assim», assegura.
Texto: Luis Batista Gonçalves
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