Depois de no sábado cerca de 10 mil turistas terem embarcado em Faro para regressar ao Reino Unido, os dez voos marcados para a manhã de hoje estavam com menor procura, mas havia, ainda assim, turistas concentrados nas zonas de ‘check-in’, constatou na Lusa no local.
Muitos dos passageiros com quem a Lusa falou eram casais com filhos, cujos voos estavam reservados para hoje, mesmo antes de conhecerem a decisão do Governo britânico em retirar Portugal da ‘lista verde’, anunciada na quinta-feira, já que as aulas são retomadas entre hoje e terça-feira, após uma pausa letiva.
É o caso de Nick Hambridge, que tinha voo para Birmingham marcado para hoje com a mulher e os três filhos, que classifica como “uma loucura” que alguns turistas tenham de regressar mais cedo, considerando que é “uma tristeza” para Portugal.
O turista acredita que daqui a três semanas, quando for feita nova reavaliação, o corredor aéreo seja retomado de novo, considerando que a segurança no Algarve é “muito similar” ao que encontra no seu país, com as pessoas a usaram a máscaras no “exterior e na praia”.
Também Dean Barker, na fila para embarcar rumo a Manchester, afirma ter-se sentido “100% seguro” e classifica de “estúpida” a decisão do Governo inglês, já que os turistas ”entram negativos [em Portugal] e saem negativos” e “todos cumprem com as regras”, usando a máscara “até quando caminham na piscina”.
Numa outra fila, Wendy Taylor aguarda com o marido o voo para a mesma cidade e confessa que se sentiu “mais segura do que no Reino Unido”, já que “não há quase casos no Algarve”, sublinhando que estão ambos “totalmente vacinados” e que no decorrer da estadia todos cumpriram, as regras.
“Terrível, ridícula e sem sentido”, refere, aludindo à decisão do Governo britânico, que deu “muito pouca antecedência” para o regresso e devia ter dado um prazo maior para os turistas regressarem ao seu país de origem, o que evitaria “cenas caóticas de regresso em massa”.
A turista aproveita para enumerar o número de testes à covid-19 que teve de fazer: na Inglaterra, antes de viajar para o Algarve, e há dois dias, quando teve de se deslocar ao aeroporto para fazer o teste rápido e ter a certeza que os resultados estariam prontos a tempo de embarcar calmamente.
Dois dias depois de o casal chegar ao Reino Unido, terá de fazer outro teste rápido.
Na fila para o regresso a Londres está Avril Hicks, com duas netas, porém, ainda aguarda um dos resultados dos quatro testes que tiveram de fazer. “Fizemos os testes na sexta e ainda não sabemos hoje o resultado de um deles”, lamenta.
A turista queixou-se da “falta de informação”e do facto de que ter tido de pagar “85 euros por cada teste”, sublinhando que pouco lhe foi dito no hotel, apenas para “ver uma aplicação” e para não deixar o teste para fazer no aeroporto.
Entretanto, a filha chega com o resultado negativo e a sensação de alívio é visível nos seus olhos, mas muda quando lhe indica que poderiam ter feito o teste no aeroporto, a um custo mais baixo (30 euros) e com resultado em 40 minutos.
Sentados num banco e com um olhar apreensivo estão Olivia e o namorado, que viajavam na terça-feira para Manchester, num voo que lhes custou “menos de 25 libras”, mas como ela tem de trabalhar na terça-feira, não pode “ficar a cumprir os 10 dias de isolamento em casa” e não quer “quebrar as regras”.
Anteciparam a viagem para hoje num voo para Nottingham, que lhes custou “mais 800 libras” mas, menos de uma hora antes da partida, ainda aguardam o resultado do teste à covid-19, condição essencial para poderem embarcar.
“A passagem de Portugal da lista verde para a amarela não pode acontecer desta forma, é aborrecido e mexe com os planos de vida das pessoas” afirma, algo angustiada.
Ainda nas filas de ‘check-in’, Jez Dix aguarda com a família o embarque para East Midlands e afirma que o Governo britânico “deveria ter dado mais tempo aos residentes de férias no estrangeiro para regressarem” e criado “um período de dias para o fazerem já que estão todos testados”.
A decisão britânica de excluir Portugal da lista verde de viagens foi tomada na quinta-feira e suscitou críticas do setor turístico, que se preparava para um aumento das reservas e da procura de turistas provenientes do Reino Unido, depois de, a 17 de maio, o Governo britânico ter tomada a decisão contrária, abrindo as viagens com destino a Portugal.
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