Sentir o calor do sol, entrecortado pelo toque leve do vento, enquanto, deitado na praia, adormece ao som das ondas do mar... Tentador, não? Percorrer um trilho pouco explorado na serra e maravilhar-se com a paisagem natural... Deambular por uma montanha e inebriar-se com o verde... Passear pelo centro histórico de uma cidade, visitar os monumentos e apreciar a gastronomia local... Se gosta de viajar, dentro ou fora do país, sabe do que falamos.

E saberá, também, que qualquer uma destas experiências pode, facilmente, ser estragada por alguns acidentes de percurso. Como um depósito de lixo carinhosamente deixado por visitantes anteriores. A boa notícia é que evitar estas e outras situações está ao seu alcance. Guiados pelos princípios do Código de Ética Global para o Turismo (CEGT) e por dicas da Organização Mundial do Turismo e do viajante Gonçalo Cadilhe, mostramos-lhe como.

O imperativo de preservar os recursos naturais e culturais

Nos primeiros anos da década de 2010, as chegadas do turismo internacional cresceram perto de 5% e, segundo a previsão da World Tourism Organization, em 2020 registar-se-iam 1,6 biliões de chegadas não fosse a COVID-19. A par das medidas tomadas por governantes e pela indústria do setor, esta evolução reforça a importância do papel de cada viajante na salvaguarda de recursos como a água e energia, para as gerações atuais e futuras.

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Segundo o quarto artigo do CEGT, a atividade turística deve ser gerida de forma a fazer florescer as tradições locais, em vez de conduzir à sua degeneração e estandardização. Visite monumentos, exposições e espetáculos típicos e, ao comprar recordações e alimentos, prefira produtos tradicionais.Proteja a vida selvagem e os habitats naturais tirando fotografias como recordação
e deixando apenas pegadas como rasto. Reduza também o consumo de energia. Prefira voos diretos, desloque-se a pé, de bicicleta ou de transportes públicos e opte por alojamentos de impacte ambiental reduzido.

Evite também o uso e o desperdício de plástico, um dos maiores problemas atuais. Em alguns países, não é possível tratar este tipo de resíduos. Por outro lado, evite comprar, vender e consumir produtos com plantas ou animais em vias de extinção, mesmo que sejam típicos. Não leve consigo artefactos naturais ou arqueológicos dos locais que visita. Recuse as novidades que estraguem o equilíbrio ecológico ou cultural do destino.

A necessidade de respeitar a diferença

O turismo pode contribuir para "o entendimento mútuo e o respeito entre povos e sociedades", afirma-se no primeiro artigo do CEGT mas, para isso, é essencial que, ao visitar novos locais, tenha uma atitude tolerante e respeitadora em relação à diversidade de crenças religiosas, filosóficas e morais e a todas as características que tornam cada destino único. Antes de viajar, informe-se sobre as crenças, costumes e regras de educação local.

Esteja atenta aos códigos de vestuário, ostentação de riqueza, ao nível de contacto físico ou afetuoso em público e ao consumo de comida e bebida. Aprenda algumas palavras da língua local, para uma relação mais genuína com as pessoas. Por outro lado, abstenha-se de condutas que possam ser consideradas ofensivas pelas populações locais e de atos que sejam considerados crime. As regras não se esgotam, todavia, aqui.

A prioridade de apoiar o desenvolvimento local

Não compactue com práticas que ponham em causa os direitos humanos. Melhorar o nível de vida das populações locais, respondendo às suas necessidades, deve ser um objetivo prioritário na aplicação das políticas turísticas. Os benefícios económicos, sociais e culturais gerados pelas atividades turísticas devem ser partilhados pela população, particularmente através da criação de emprego, direta ou indiretamente.

Essa intenção é descrita no quinto princípio do CEGT. Compre, por exemplo, recordações, alimentos e outros objetos produzidos localmente com base nos princípios do comércio justo. Regateie apenas até ao limite do que considera justo para quem vende. Se quer ajudar, apoie organizações e instituições locais que trabalhem no terreno e invistam no microcrédito, educação e autonomia laboral das populações.

Por outro lado, não dê esmolas. Se o fizer, um comportamento que muitos desaconselham, estará a alimentar a economia de mendigagem. E também não compre produtos contrafeitos. Nalguns países asiáticos, há funcionários dos aeroportos que, na fase de inspeção das bagagens, procuram aferir da veracidade dos mesmos. Evite também aderir a ações de voluntariado pontuais, poderá estar a retirar um posto de trabalho à comunidade.

Texto: Rita Miguel