Durante o 3.º período, que termina na sexta-feira, os colégios privados também funcionaram à distância, com professores e alunos ligados através do ‘online’, mas, ao contrário das escolas públicas, os constrangimentos do novo modelo de ensino pouco se fizeram sentir e no final do ano letivo os objetivos foram cumpridos.

“Alguns colégios até optaram por manter o calendário escolar que já tinham definido no início do ano, porque foi cumprido o percurso educativo que tinham planeado e, portanto, não viram necessidade de prolongar as aulas até dia 26”, contou à Lusa o presidente da AEEP, Rodrigo Queiroz e Melo.

Rodrigo Queiroz e Melo acredita que todos teriam preferido um 3.º período presencial, mas faz, ainda assim, um balanço “muito positivo” dos últimos meses, em que todos os alunos conseguiram acompanhar as atividades.

“Não temos casos de estabelecimentos de ensino ou de alunos que tenham ficado sem aulas”, referiu, acrescentando que mesmo os estudantes de contextos mais desfavorecidos tiveram acesso aos equipamentos necessários para acompanhar as aulas.

O último período foi, sobretudo, positivo porque permitiu repensar algumas formas de trabalho que foram agora implementadas e que poderão ser recuperadas mais tarde, desde a avaliação, ao planeamento das aulas.

Segundo o presidente da AEEP, o ensino a distância obrigou os professores a reformularem o modelo de avaliação, dando menos peso aos testes escritos e valorizando outros indicadores e os resultados foram muito positivos.

Por outro lado, continua, os professores também desenvolveram entre si uma maior articulação sobre o trabalho que iam desenvolvendo com os alunos, reforçando também a coordenação com os estudantes, através do planeamento semanal de todas as atividades.

“Esta coisa de os alunos serem bastante mais responsáveis por aquilo que se vai passar durante a semana criou uma dinâmica engraçada de planeamento e muitos diretores têm-nos referido que, provavelmente, vão manter essa abordagem”, explicou.

“Houve aqui aprendizagens muito importantes, até para melhorar a qualidade do que fazemos na vertente presencial”, acrescenta.

Apesar do balanço positivo, Rodrigo Queiroz e Melo admite que alguns alunos com maiores dificuldades mereçam um apoio complementar para mitigar a falta de acompanhamento presencial durante os últimos três meses.

Ainda assim, acredita que esse trabalho será feito antes do início do próximo ano letivo e que os alunos vão regressar em setembro preparados para retomar o ritmo normal.

“Não podemos começar o próximo ano já em atraso. O próximo ano, que provavelmente também vai ser um ano desafiante, tem de começar com os alunos no ponto em que deviam estar”, afirma.

Ainda sem certezas sobre como vai decorrer o próximo ano, os estabelecimentos de ensino particular e cooperativo estão a preparar-se para vários cenários, mas, à semelhança dos diretores escolares do setor público, esperam poder retomar o trabalho presencial, vontade que também já foi manifestada pelo Governo.

Seja qual for o cenário em setembro, os colégios vão aproveitar os próximos meses para aprofundar conhecimento sobre as potencialidades das ferramentas digitais, que podem mesmo vir a ser incluídas no trabalho presencial, mas sobretudo para estarem o mais preparados possível, caso seja necessário voltar ao ensino a distância.

O ministro da Educação adiantou, entretanto, que o Governo marcou que o próximo ano letivo se inicie entre os dias 14 e 17 de setembro, considerando que esse calendário dará tempo de preparação à comunidade educativa.