Em declarações aos jornalistas no final da terceira reunião técnica sobre a "Situação epidemiológica da covid-19 em Portugal", no Infarmed, em Lisboa, o antigo ministro da Educação chamou a atenção para a idade elevada de grande parte do corpo docente e pediu "cuidado" ao Governo, na véspera de uma reunião entre os partidos e o primeiro-ministro sobre a possibilidade de reabrir escolas neste ano letivo.

"Nós entendemos que ainda é um pouco cedo para saber se vai ser numa data A ou numa data B, a escola envolve não só grupos de pequeno risco, como sejam os mais jovens, mas envolve grupos de alto risco, como sejam os professores ou os funcionários", apontou, alertando que "metade do corpo docente que está no sistema educativo tem pelo menos 50 anos".

Segundo David Justino, a posição que o PSD transmitirá na quarta-feira a António Costa será "a de algum cuidado" e de avaliação de como se podem "mitigar os impactos negativos" que a reabertura das escolas pode ter.

"Nós entendemos que todo o cuidado é pouco, não vale a pena antever com um mês de antecedência coisas que não sabemos como vão desenvolver-se", salientou, defendendo "uma atitude responsável e medidas que sejam progressivas, bem ponderadas e bem estudadas nos seus impactos".

Questionado se pode haver alguma precipitação na reabertura das escolas devido aos custos sociais da medida, o vice-presidente do PSD disse que não pode ser essa a razão na base da decisão do Governo.

"Espero que não seja por essa razão, não podemos pôr o princípio da saúde pública sujeito a custos de oportunidade relativamente aos meios", disse.

David Justino disse esperar que haja, por parte do Ministério da Educação, "soluções alternativas" ao ensino presencial, de forma a que possa ser assegurada "pelo menos parcialmente" a aprendizagem dos alunos e anunciou que irá levar sugestões à reunião com o Governo.

"O PSD já elencou medidas indispensáveis para essas soluções alternativas ao regime presencial, não as anunciámos porque entendemos que devem chegar ao Governo como contributos para que se possam encontrar boas soluções, mas já as identificámos", afirmou.

O antigo ministro da Educação alertou que a maior parte do parque informático das escolas "está obsoleto" e deve ser garantido que todos os alunos tenham acesso a esses meios.

O vice-presidente social-democrata classificou a reunião de hoje no Infarmed como "muito útil" para começar a "construir saídas que sejam saídas pertinentes".

"A nossa disponibilidade é total para colaborar com o Governo, em especial neste caso em relação às medidas que se podem começar a antever para o mês de maio relativamente à reabertura das escolas e com todo o tipo de atividades que se relacionem ou decorrem dessa abertura", acrescentou.

Para conter a disseminação do vírus, o Governo decidiu encerrar todas as escolas em 16 de março e desde então os alunos têm tido aulas à distância.

Para a maioria dos alunos do ensino básico e secundário, o terceiro período começa na próxima segunda-feira e o Governo avalia na quinta-feira se manterá este regime.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,3 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 75 mil.

Em Portugal, segundo o balanço feito na terça-feira pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 345 mortes, mais 34 do que na véspera (+10,9%), e 12.442 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 712 em relação a segunda-feira (+6%).

Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril.