O Portugal Fashion tem em média um orçamento de cerca de 900 mil euros, mas esta 51.ª edição, que está a decorrer até sábado, teve um orçamento de 450 mil euros, explicou a diretora do evento, Mónica Neto, numa entrevista à agência Lusa.

“Neste momento estamos a trabalhar com metade desse valor [900 mil euros], porque o fundo comunitário tinha essa equivalência a metade do orçamento total”, declarou, destacando que sem o apoio de parceiros como a Câmara Municipal do Porto e fornecedores “não teria sido possível, num tão curto espaço de tempo, continuar a produção planeada para esta edição”.

A 51.ª edição vai estar em dez locais com ações diferentes e começou na rua junto ao Museu Nacional de História Natural da Universidade do Porto, com o desfile da ‘designer’ Carolina Sobral, que apresentou a sua coleção primavera-verão 2023, com tecidos fluidos, alfaiataria desestruturada, com ‘blazers’ soltos, vestidos longos e túnicas, destacando-se a utilização de materiais reciclados e o reaproveitamento de tecidos de estações passadas.

“Começamos na rua, porque achámos que tínhamos de ter momentos mais democráticos. […] Vamos estar no Mosteiro de São Bento da Vitória, vamos estar no Palácio da Bolsa, na Alfândega, mas vamos sobretudo descobrir algumas pérolas que o Porto tem bem guardadas, como por exemplo o velódromo no Museu Nacional de Soares do Reis ou a Escola Superior Artística do Porto que acaba de inaugurar as novas instalações numa antiga fábrica, vamos juntarmo-nos ao movimento de inauguração do Mercado do Bolhão agora renovado. Os locais são uma das grandes novidades” desta edição, assume Mónica Neto.

O novo modelo segue a lógica das principais semanas de moda internacionais.

“Estávamos ainda com um modelo um bocadinho periférico. No edifico [da Alfândega], que nos acolhia, tínhamos tranquilidade e plenas condições para fazer acontecer em várias salas. O desafio foi transformar essa logística, dispersá-la pela cidade e também e aumentar a escala daquilo que fazemos. Achamos que este modelo nos vai dar mais dimensão, vai trazer mais impacto para a cidade e para o país e também mais visibilidade a todos os que estão connosco”, concluiu.

Neste primeiro dia de desfiles na rua, Meiling Inc Limites by Canex (fundo criativo africano), oriundo de Trindade e Tobago, mostrou a coleção Battimamzelle para a próxima primavera-verão, onde se destacaram os vestidos e ‘tops’ delicados, com acabamentos cosidos à mão e com cores vivas.

A coleção primavera-verão 2023 da ‘designer’ Katty Xiomara também foi revelada no mesmo local, com folhos e rendas transparentes, uma marca da criadora.

A marca Larry Jay by Canex, do Gana, também desfilou hoje, mas o local eleito foi o Mosteiro de São Bento da Vitória. A coleção apresentada quis abordar o tema dos resíduos dos tecidos e como é que se pode atenuar este problema mundial junto dos consumidores.

A coleção da ‘designer’ Maria Gambina e da marca espanhola Agata Ruiz de La Prada são outros dos destaques de hoje.

À margem dos desfiles, Mónica Neto assumiu estar preocupada com o futuro do evento: “É muito preocupante nesta fase não termos ainda notícias sobre os próximos fundos [europeus] que poderão ser alocados. Preocupa-nos muito que em outubro não tenhamos novidades para esta edição, que conseguimos materializar e também para aquilo que é a nossa presença em semanas de moda internacionais já a partir de janeiro e para a edição de março de 2023 do Portugal Fashion”.

Segundo a diretora do Portugal Fashion, houve uma resposta do Governo ao pedido de reunião que foi efetuado e aguarda “algumas novidades”, mas a sua expectativa era que houvesse um “olhar diferente” para o setor da indústria da moda e uma “forma diferente de alocação de fundos, porque é uma área que ajuda muito a economia da indústria têxtil à volta do ‘design’ de moda”.

O Portugal Fashion promete 40 desfiles e/ou apresentações nesta edição, que engloba “66 ‘designers’ e marcas” termina no sábado.