Se no final do século passado alguém afirmasse que, em 2021, o conceito de restaurante virtual seria uma realidade, talvez não estranhassemos. Mas ao contrário dos carros voadores dos filmes de ficção científica, os restaurantes virtuais são uma realidade. E tudo por causa de uma pandemia.

Depois de ter encerrado o seu anterior projeto, o Pesca, Diogo Noronha está de regresso como mentor do Ameaça Vegetal, um restaurante de menu flexitariano, onde a base vegetal assume o protagonismo, e como co-fundador do coletivo Foodriders, em conjunto com Marta Fea e Damian Irizarry (ex-fundadores da Pistola y Corazón e fundaores do Las Gringas), um projeto assente nas novas tecnologias, que além de restaurantes virtuais - Las Gringas e Ameaça Vegetal - desenvolve projetos artísticos e na área da sustentabilidade.

E se há algo que também faz parte do nosso léxico, em 2021, é a palavra sustentabilidade. Isso começa logo no conceito do próprio restaurante. Na apresentação do projeto, o Chef Diogo Noronha assumiu a aposta numa cozinha mais focada numa dieta de base vegetal , apesar de haver opções na carta com proteína animal. Mas o desafio é mesmo esse: olhar para fora da caixa e experimentar ingredientes e combinações que não imaginávamos daquela forma. E mostrar que a comida com base em vegetais também pode ser deliciosa e não tem de ser sem sabor.

O projeto "vem da minha identidade enquanto Chef (o próprio confessou que se tornou vegetariano aos 17 anos e depois fez a sua evolução na cozinha). É aquilo que consideramos uma dieta do futuro", explicou Diogo Noronha na apresentação aos jornalistas, que também ela obedeceu ao tempo que vivemos, através do zoom, cada um nas suas casas.

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Na apresentação, o Chef Diogo Noronha explicou ainda que este restaurante é a sua forma de pensar a restauração do futuro, sem esquecer aquilo que mais valoriza: o facto de usar produtos sazonais e trabalhando de perto com os produtores locais, que também têm vindo a ultrapassar dificuldades devido à COVID-19 e ao cenário atual da restauração em Portugal.

E questionado sobre o desafio de ter um restaurante virtual, Diogo Noronha não tem exitações. "Cozinhar é cozinhar", uma vez que "o modelo de gestão da cozinha não se afasta muito da realidade de um restaurante". Para o Chef os desafios são iguais apenas com uma diferença: "em vez de pratos, temos boxes".

Chef Diogo Noronha regressa à cozinha com Ameaça Vegetal, o restaurante que vai poder conhecer a partir de casa
créditos: Divulgação

A carta está dividia em quatro grandes grupos: sanduíches, onde destacamos a focaccia de fermentação natural e ingredientes como couve flor assada, berinjela em tempura, ostras empanadas e bacalhau em polme; sopas de cogumelos da temporada, batata doce bio, cherovia ou bisque de camarão com folhas de mostarda e cabeças de camarão crocantes; pratos para comer de faca e garfo com opções desde a colorida mistura de beterrabas assadas, às alcachofras confitadas com crocante de alga nori e miso (que pode ou não conter pancetta ibérica), passando pela raiz de aipo e feijão verde, bolo de amora com gordura de pato, rábanos e rabanetes assados e escabeche de laranja; e por fim as sobremesas com duas opções - bolo de avelã e trigo sarraceno com mousse de chocolate 55% e abacaxi em calda de especiarias e bolo de gengibre e limão, maçã assada, creme de pasteleiro e sementes de abóbora açúcarada

Veja na galeria mais detalhes sobre a carta:

Há também uma carta de bar, da responsabilidade de José Pedro Oliveira, ex-bartender do Pistola y Corazón onde se destaca os cordiais, bebidas feitas a partir da maceração de fruta a frio, com ou sem álcool, as cada vez mais famosas kombuchas - bebida probiótica de fermentação do chá -, os chás, os vinhos naturais e de baixa intervenção, alguns deles produzidos através de processos milenares herdados dos romanos (vinho de talha) e uma seleção de Sakes e Mezcal.

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Apesar de não nos podermos sentar à mesa na nova casa do Chef Diogo Noronha, podemos sim visitar a cozinha do coletivo Foodriders que está aberta ao público em formato take away, na zona da Penha de França, encomendando através do site foodriders.co. Pode também fazer uso do formato delivery através da plataforma Uber Eats. Para celebrar este lançamento, até 3 de abril a taxa de entrega é gratuita, mediante inserção do código AMEACAVEGETAL no separador "Promoções" da aplicação.

Em beve o Ameaça Vegetal irá sair da cozinha que tem estabelecida na Penha de França para a rua através de food trucks e de um restaurante flag ship. Mas estas serão as cenas dos próximos capítulos.