Ao longo da nossa vida, à medida que os desafios se vão colocando e vamos passando por fases diferentes, por norma, vamos também confrontando-nos com diferentes tipos de medos que vão pairando dentro de  nós.

O medo funciona como um sinal de alerta que nos sinaliza eventuais perigos e que pretende levar-nos à nossa auto proteção. Por isso, os medos surgem por um bom motivo, embora nem sempre consigamos aceder a esta perspectiva. O grande problema quando surgem os medos é a forma como não somos capazes de olhar para eles como um sinal de alerta que nos faz direcionar a nossa ação, e deixamos que se afirmem como um bloqueio que nos faz paralisar, que nos trava e que nos impede de agir.

É quando os medos nos bloqueiam que precisamos de intervir e de fazer diferente, porque apesar dos medos aparecem para nos protegerem, se não conseguirmos lidar com eles, estarão em causa as nossas conquistas e o nosso bem-estar.

Sendo que, em última linha de análise, se permanecermos incapazes de lidar com os nossos medos, a longo prazo vão gerar-se quadros fóbicos ou as típicas crises de ansiedade generalizadas. Estes quadros mais agudos aparecem sob a forma de um ‘grito interno’, que procura tornar-nos conscientes do travão que está a surgir no nosso dia a dia.

Assim, para garantirmos que o medo não nos bloqueia é absolutamente essencial, termos a consciência de que os medos são, em algumas circunstâncias, de carácter imaginário e sem uma ligação objetiva à realidade — pelo menos sem ligação no tempo presente —, isto ajudará a equilibrar os momentos em que os medos empolam, mas — sabemos de forma consciente — que apenas existem dentro de nós e a probabilidade de efetivarem é de facto reduzida. Para além disso é essencial que atentemos a todos os nossos medos e procuremos descobrir a sua origem, é ao desconstruir o medo, que mais facilmente nos libertaremos dele. Por último, precisamos de encontrar as estratégias certas para combater cada um dos medos que vão surgindo, essas estratégias devem fortalecer a nossa segurança interna desde base, caso contrário tornar-se-ão superficiais e não gerarão a mudança de que precisamos.

No fundo, os medos são poderosos protetores de cada um de nós, mas se não soubermos lidar com eles e ler os sinais que estão por detrás, a probabilidade de nos bloquearem ou de levarem ao nosso adoecer psicológico é muito grande. E, por isso, é essencial que nenhum medo seja desvalorizado ou colocado em segundo plano, sob pena de, se o fizermos, ele assumir uma força de bloqueio e travão ao nosso dia a dia.

Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.