Existem diversos métodos para produzir vinhos de colheita tardia. Entre eles, o mais tradicional tira partido da chamada "podridão nobre", o fungo Botrytis cinerea que se desenvolve em climas húmidos, resultando na desidratação das uvas.

Enquanto os estes vinhos são geralmente doces, podemos encontrar colheitas tardias totalmente secos.

Tudo começou na cidade alemã de Fulda entre 1752 e 1802, onde os viticultores do principado, eram obrigados a obter a autorização do soberano, antes de colher as uvas em cada colheita. Nesta altura, mensageiros a cavalo chegavam à corte a toda hora, apressados, vindos dos quatro cantos, para obter a permissão e voltar a tempo de encontrar as uvas na condição ideal de maturidade.

No Outono de 1775, os monges da colina de São João (Kloster Johannisberg), na Renânia enviaram um mensageiro para obter a autorização. Possivelmente raptado ou assaltado em meio ao longo caminho, o mensageiro atrasou-se demais. Quando a autorização chegou, as uvas Riesling muito maduras começavam a murchar nos cachos. Mesmo assim, os monges colheram e vinificaram as uvas passificadas, desidratadas, cheias de açúcar, para ver o resultado. Era o início do processo de vinificação com uvas de colheita tardia.

Em Portugal, já existem algumas marcas, apesar das regiões portuguesas nem sempre reunirem as condições para aBotrytis se desenvolver.

Comecemos pelo Douro e este PORTAL Late Harvest, produzido a partir das castas Rabigato, Moscatel e Viosinho e envelhecido em barricas usadas de carvalho francês.

Portal Late Harvest

Portal Late Harvest

A sua cor cítrica é fruto do cuidado com que sempre foi tratada a uva e mosto, apresenta aromas exóticos e frutados de nectarina e alperce, bem como flor de laranjeira. Muito elegante em boca, mas com a complexidade suficiente para nos deixar baralhados. Um final de boca muito sedutor e longo.

Ali ao lado na Região dos Vinhos Verdes, encontramos este QM Vindima Tardia Alvarinho 2010, um vinho feito com uvas vindimadas em Dezembro, uvas que são atacadas pelo fungo Botrytis Cinerea.

Este vinho doce, de Jorge Sousa Pinto, tem cor dourada, um aroma e paladar a frutos maduros, mel e amêndoas com final de boca complexo e persistente. Uma acidez equilibrada e atraente. Ideal para partilhar com alguém de quem se goste muito.

QM Alvarinho

QM Alvarinho

Seguimos para o QUINTA DA ALORNA Colheita Tardia Branco 2011, produzido a partir de Fernão Pires, por Martta Reis Simões, revela-se intenso nos aromas a fruto tropical maduro, mel e amêndoa. Na boca, fresco a equilibrar a doçura natural a confirmar os aromas. Final complexo e muito agradável. Muito persistente.

Ao contrário de outras colheitas tardias esta é mais leve, os aromas são mais subtis e não tão melosos e intensos como se é acostumado das colheitas tardias. Não tem um aroma farto mas sim subtil e elegante; notas florais e o típico toque de amêndoa estão presentes neste vinho que tem um final de boca firme e tão delicado. Experimentem com esta Tarte de Amêndoa! Eu gostei!!

Quinta da Alorna

Quinta da Alorna

Terminamos em grande com este HERDADE DOS GROUS Late Harvest 2010, produzido a partir de uma criteriosa selecção de uvas Petit Manseng afectadas pelo fungo Botrytis Cinerea. Aromaticamente complexo, com notas de mel e passas, combinam-se com baunilha e aromas tostados provenientes do estágio de 24 meses em barricas de carvalho Francês de segundo ano. Doçura volumosa e final persistente.

Herdade dos Grous

Herdade dos Grous

José Faria - Out Of The Bottle