Por vezes, pensamos de forma direcionada com vista a tomar decisões ou encontrar soluções, por exemplo, e encontramos no pensamento o nosso motor para a ação. Mas, também acontece o pensamento funcionar como um travão, quando, por exemplo, o nosso pensamento sobre determinado assunto surge de forma repetitiva, chegando por vezes ao limiar do obsessivo. A verdade é que quando surgem os pensamentos repetitivos são, regra geral, tendencialmente catastróficos e podem levar a um lugar de angústia e mal estar.

Por isso, é essencial estar atento aos pensamentos que vão surgindo, principalmente aos que vão surgindo de forma repetitiva. Quando estes aparecem deve procurar-se tranquilizá-los, impedindo que aumentem a sua dimensão a cada instante. Para isso, é importante começar por:

1)     Ouvir os pensamentos - deve permitir que os pensamentos fluam e existam dentro de si. Ou seja, numa primeira fase é essencial não ignorar esses pensamentos, aceite que eles estão a surgir e  reconheça o impacto que têm no seu dia a dia ou no seu bem-estar. Se procurar apenas não ouvir os pensamentos e ignorá-los, haverá uma tendência a aumentar o seu mal-estar psicológico e a aumentar a persistência desses pensamentos.

2)     Explorar a origem dos pensamentos - tente descobrir quais os principais fatores, ou contextos, que despertam os pensamentos repetitivos. Depois, tente perceber o motivo de surgirem, nessas circunstâncias, procure explorar ainda as suas memórias associadas a esses pensamentos, para aos poucos descobrir a sua origem.

3)     Desconstrua os seus pensamentos - no fundo coloque questões aos seus pensamentos, procurando desconstruí-los e fazendo com que eles percam a expressividade e a dimensão mais catastrófica. Ao colocar questões ao pensamento, acaba por racionalizar o pensamento e ele, naturalmente, vai perdendo a sua intensidade.

4)     Aceitar a dor, ou medo, que os pensamentos transmitem - quando os pensamentos surgem repetidamente podem estar a carregar em si uma dor ou um medo. Por isso, é importante, após analisar tudo aquilo que está associado a esses pensamentos, que procure aceitar a dor ou medo existente subliminarmente por detrás desses pensamentos, ou  quando possível  tomar as ações necessárias para minimizar essa dor ou medo.

  No fundo, os nossos pensamentos surgem na sequência de toda a nossa história e ajudam-nos a enquadrar situações, emoções e ações, por exemplo. Apesar disso, nem sempre são vantajosos para nós, e é por isso muito importante que, sempre que necessário, se consiga desconstruir o pensamento de forma a impedir que a sua repetição funcione como um elemento desestabilizador no equilíbrio interno de cada um.

Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.