1. Houve uma evolução muito importante no controlo da dor em algumas especialidades, por exemplo a medicina dentária. Na ginecologia há alguma inovação terapêutica?

O controlo eficaz da dor é um direito. A dor, ou o receio de a ter, é muito limitativo e gera ansiedade. Temos agora um anestésico local em gel, específico para prevenir a dor durante procedimentos ginecológicos. É um gel anestésico que contém uma substância ativa há muito conhecida (lidocaína a 4%), mas numa concentração adequada, que atua por contacto nos tecidos onde é aplicado, ou seja, sem necessidade de ser administrado por injeção, não tendo assim as implicações de segurança da formulação injetável.

2. A quem se destina? Existe limite de idade?

Esse gel poderá ser utilizado em mulheres adultas e adolescentes a partir dos 15 anos, para prevenir a dor associada a certos procedimentos ginecológicos tais como, a colocação de dispositivos intrauterinos, biopsias cervicais e endometriais e histeroscopias diagnósticas ou cirúrgicas de consultório.

3. Quais são as vantagens da sua utilização?

Foi concebido especificamente para a ginecologia, com uma técnica adequada de aplicação. É um anestésico com uma formulação em gel que actua por contacto, ficando aderente às estruturas corporais onde é aplicado, não tendo os efeitos indesejáveis dos anestésicos locais em formulação injetável.

4. Como se faz este procedimento? Qual a sua duração?

O objetivo é fazer uma anestesia local ao nível do colo uterino e da cavidade uterina. Assim, é aplicado localmente previamente ao procedimento que queremos efetuar através de um aplicador próprio. Após a sua aplicação demora 2-5 minutos a atuar, mantendo uma duração do efeito por 30 minutos.

Cristina Oliveira, ginecologista do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa
Cristina Oliveira, ginecologista do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa

5. É indicado para que tipo de procedimentos?

Pode ser utilizado previamente a certos procedimentos ginecológicos tais como, a colocação de dispositivos intrauterinos, biopsias cervicais e endometriais e histeroscopias diagnósticas ou cirúrgicas de consultório.

6. Quais são os riscos e benefícios associados a este procedimento?

Este tipo de anestésico em gel acarreta menos riscos em relação às formulações injetáveis e a sua concentração torna-se eficaz na diminuição da perceção da dor durante certos procedimentos ginecológicos, que habitualmente estão associados a dor.

7. De que forma é que esta terapêutica pode desempenhar um papel fundamental na promoção da segurança e eficácia de muitas intervenções ginecológicas?

Existem certos procedimentos ginecológicos que estão associados a dor e a possibilidade de aplicação de um anestésico local vai aumentar a segurança do procedimento, diminuindo a ansiedade das senhoras e a sua perceção da dor. Para além disso, podemos conseguir reduzir ou eliminar os receios que as mulheres têm relativamente aos procedimentos em regime de consultório porque vai tornar o procedimento muito mais confortável.

O controlo eficaz da dor é um passo fundamental para a efetiva humanização dos cuidados de saúde.

8. Quanto tempo de recuperação a mulher deve esperar, após o procedimento, para retomar as atividades normais?

É um anestésico local que poderá ser utilizado previamente a procedimentos ginecológicos para diminuir a dor associada aos mesmos. Habitualmente estes procedimentos efetuadas a nível do consultório possibilitam que as mulheres retomem as suas atividades habituais de forma imediata.

9. Qual a taxa de sucesso desse tratamento?

A eficácia depende do procedimento e das características da mulher. Existem vários estudos a comprovar a eficácia na redução da intensidade da dor.