Cerca de 70 a 80% dos doentes têm uma fraqueza herdada da parede das veias. Numa pequena percentagem de pacientes a doença é causada por episódios prévios de trombose venosa (conhecida por flebite).

São sintomas da doença venosa crónica a perna cansada, pesada, inchada (edemaciada). Estas queixam agravam-se quando o doente está muitas horas em pé e no verão, com o calor. Os sintomas melhoram com a elevação dos membros inferiores, com aplicação de água fria ou de um gel refrescante.

Por que razão as queixas são mais comuns no verão?

A doença venosa crónica está presente todo o ano. Mas as queixas são mais comuns no verão, porque o calor dilata as veias.

Em que faixa etária é mais comum a doença venosa crónica?

Em Portugal a doença começa a adquirir significado a partir dos 15 anos nas mulheres e cerca de 10 anos mais tarde nos homens. É mais comum dos 55 aos 64 anos de idade.

Quais são os principais fatores de risco?

A principal causa da doença venosa crónica é a história familiar. Por exemplo, doentes cujos pais têm varizes, têm elevada probabilidade de também apresentarem varizes.

Além disso o tabagismo, a obesidade, a gravidez, elevadas horas em pé e o envelhecimento contribuem para o agravamento da doença.

A partir de que sintomas devemos procurar um médico especialista em doença venosa crónica?

Devemos procurar um especialista, quando surgem os primeiros sinais e sintomas. A doença é muitas vezes ignorada. Num estudo realizado pela Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular, 53% dos Portugueses nunca realizaram nenhum tratamento à sua doença venosa crónica. Muitos acham que não há nada a fazer e que é normal da idade. 

Que cuidados devemos ter no dia a dia?

O mais importante é um estilo de vida saudável: alimentação cuidada, evitar a obesidade, prática regular de exercício e não fumar. Procurar não estar muitas horas em pé, elevar os membros inferiores no final do dia. Usar meia elástica e tomar a medicação (fármacos venoactivos). Contudo não conseguimos evitar de todo o aparecimento de varizes.

É possível tratar a doença venosa crónica?

É possível e devemos tratar a doença venosa crónica desde as suas fases iniciais. Atualmente existem várias opções terapêuticas. O tratamento é adaptado à fase da doença e ao doente. É um tratamento personalizado. Alguns pacientes são medicados com fármacos venoactivos e meia elástica. Outros fazem tratamento com escleroterapia líquida ou espuma, laser, radiofrequência ou cirurgia minimamente invasiva. O médico especialista em Cirurgia Vascular decide qual é o melhor tratamento para cada doente. Na maioria das vezes um doente faz vários tipos de tratamento.

Que consequências pode ter se for ignorada/não tratada?

Estamos a falar de uma doença e não apenas de um problema estético.

As consequências são:

- Trombose venosa (“flebite”, tromboflebite);

- Varicorragia (hemorragia/sangramento devido à fragilidade da variz);

- Alterações das características da pele. A pele perda a elasticidade, fica acastanhada e descamativa;

- Úlcera venosa (feridas nas pernas causadas pela doença venosa crónica), muitas vezes dolorosa.

As explicações são da médica Joana Ferreira, especialista em Cirurgia Vascular, membro da Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular.