O acto manual de estimulação dos órgãos genitais é perfeitamente natural e deve ser abordado com a abertura que o próprio tema exige. É dos poucos assuntos para os quais ainda não há uma legislação própria, não há coimas da ASAE nem livro de reclamações. Talvez porque, excluindo quando é feito mutuamente, a queixa seria feita pelo proprietário. Seria só estúpido.

Há inúmeros mitos em torno do tema, que atestam atrocidades como ser responsável pelo aparecimento de borbulhas na face ou que, quando feito em excesso, poderá originar disfunção sexual. Já para não falar nas inúmeras expressões que existem para se referirem ao tema, como as que fazem alusão à botânica (já que envolvem pessegueiros), o clássico que faz alusão à injustiça (colocando cinco contra um) ou o que visa acertar em folhas de couve a cinco metros (pelo som que a pressão daquela coca-cola peniana faz, depois de ter sido vigorosamente agitada).

Surge o mito das cabras que nascem com as feições do Manel, pastor que vai agora para os 50 anos de profissão, ou ovelhas com as feições do Ti Joaquim

Imaginem todo o mundo novo de expressões e de mitos que surgirão após, na semana passada, ter sido descoberta, na China, uma carpa com olhos, nariz e boca, fazendo lembrar um humano. Se fosse na Coreia do Norte, muito possivelmente o mito da fecundação de peixes estava lançado e instaurava-se a pena de morte para quem espancasse o palhaço e o terminasse usando o saneamento. Claro que nós, em Portugal, agiríamos a jusante do problema, como é nosso apanágio. Muito provavelmente gastaríamos milhões em novas e funcionantes ETAR e, se calhar, ainda faríamos uma autoestrada nova que as ligasse a todas.

Em Portugal, este fenómeno é aquilo a que chamamos “uma segunda-feira no campo”, já que os pastores são pessoas que vivem muito tempo isolados com o gado ou, como lhe chamam, “o bonito gado” (assim é que é!). Depois claro, surge o mito das cabras que nascem com as feições do Manel, pastor que vai agora para os 50 anos de profissão, ou ovelhas com as feições do Ti Joaquim, com aquela lã a fazer lembrar os caracóis da sua filha mais velha e o feitio marrão, claramente do pai.

Ainda é capaz de surgir o mito de que esta carpa está relacionada com os suplementos alimentares que as pessoas tomam para fortalecer o cérebro e que tantas vezes acabam no rio, já que um dos componentes é o esperma de peixe. Claro que isto me leva a questionar em que medida é que isso melhora a memória se todos sabemos que a Dory, do filme “À procura de Nemo”, tinha uma memória mais curta do que engenheiros da Operação Marquês. E se isto já me tira o sono, imaginem perceber quem é que lá vai fazer a ordenha ou mesmo quem é que descobriu que, ao longo do tempo, aquilo os fazia lembrarem-se mais do que quer que seja.

No vídeo da carpa é possível ouvir-se um turista comentar “o peixe transformou-se numa fada” mas, muito provavelmente, transformou-se foi numa bela fod*. Isto porque, em pleno século XXI, se és um peixe com cara de humano, a única forma de seres comido é mesmo no Tinder.