Pelo menos 922 pessoas estão em observação por poderem estar infetadas por este vírus que já provocou seis mortos, informou a Comissão Nacional de Saúde chinesa em comunicado.

A Comissão Nacional de Saúde do país asiático revelou que o país registou esta terça-feira 77 novos infetados e que dois pacientes morreram, numa altura em que vários países estão a elevar o nível de alerta.

A Comissão Nacional de Saúde da China confirmou na segunda-feira (20/01) que o novo coronavírus que surgiu recentemente em Wuhan é transmissível entre humanos.

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Aquela comissão detetou pelo menos dois casos em que o novo coronavírus se transmitiu entre profissionais de saúde.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) convocou para hoje uma reunião de peritos para avaliar se o surto de coronavírus na China constitui uma emergência de saúde pública internacional, anunciou a instituição em comunicado.

Taiwan confirmou hoje o seu primeiro doente com uma nova pneumonia com origem no centro da China.

O vírus já foi detetado em Pequim e Xangai e também nas províncias de Guangdong, Sichuan e Yunnan. Há casos relatados da mesma infeção viral no Japão, Tailândia, Coreia do Sul e agora Taiwan.

Vírus continuará a alastrar

Segundo o ministério chinês dos Transportes, a China deve registar um total de três mil milhões de viagens internas durante os próximos 40 dias.

O surto colocou também outros países em alerta, já que milhões de chineses viajam também além-fronteiras durante este período. As autoridades da Tailândia e do Japão já identificaram pelo menos três casos, todos envolvendo viagens recentes à China.

A Coreia do Sul relatou o primeiro caso na segunda-feira, quando uma chinesa de 35 anos de Wuhan deu positivo para o novo vírus, um dia depois de chegar ao aeroporto de Seul. A mulher foi isolada num hospital público na cidade de Incheon, a oeste de Seul, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças.

Pelo menos meia dúzia de países na Ásia e três aeroportos nos Estados Unidos começaram a rastrear passageiros oriundos de voos do centro da China.

Esta terça, a televisão australiana ABC informou que um homem que viajou recentemente para a China estava isolado na sua residência na cidade de Brisbane com sintomas da doença, enquanto os resultados dos testes são aguardados.

As autoridades de Saúde das Filipinas também anunciaram que aguardam os resultados da análise de amostras enviadas para um laboratório na Austrália. Espera-se a confirmação do caso de um menino de 5 anos de idade que chegou ao país procedente de Wuhan, epicentro do novo coronavírus. Ele apresenta sintomas da doença.

Um artigo publicado na sexta-feira por cientistas de um centro de investigação do Colégio Imperial de Ciência, Tecnologia e Medicina de Londres apontou que o número de pessoas infetadas na cidade chinesa provavelmente ultrapassou o milhar de casos e é muito superior àquele avançado pelas autoridades locais.

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Investigadores do Centro de Análise Global de Doenças Infecciosas, que aconselha instituições como a Organização Mundial de Saúde (OMS), estimam que "um total de 1.723 casos" em Wuhan apresentavam sintomas da doença desde 12 de janeiro.

As autoridades chinesas determinaram que vários pacientes são vendedores num mercado de mariscos situado nos subúrbios de Wuhan, e, entretanto, encerrado. No entanto, autoridades de saúde relataram que também identificaram pacientes sem histórico de contacto com esse espaço comercial.

Esta terça-feira, Zhong Nanshan, cientista da Comissão Nacional de Saúde chinesa, anunciou que está confirmado o contágio entre humanos. Esta possibilidade foi mencionada nos últimos dias e a confirmação consolida a crescente preocupação com a disseminação dos casos.

Zhong ajudou a avaliar a magnitude da epidemia de SARS em 2002-2003. Segundo a OMS, de um total de 8.096 casos, 774 morreram em todo mundo, sendo 349 na China continental, e 299, em Hong Kong.

Nova epidemia?

Os casos de pneumonia viral alimentaram receios sobre uma potencial epidemia, depois de uma investigação ter identificado a doença como um novo tipo de coronavírus, uma espécie de vírus que causa infeções respiratórias em seres humanos e animais e é transmitida através da tosse, espirros ou contacto físico.

Alguns destes vírus resultam apenas numa constipação, enquanto outros podem gerar doenças respiratórias mais graves, como a pneumonia atípica, ou Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que entre 2002 e 2003 matou 650 pessoas na China continental e em Hong Kong.

Na altura, o Governo chinês inicialmente tentou ocultar a gravidade da epidemia do SARS, mas o encobrimento foi exposto por um médico de alto escalão. "Nos primeiros dias do SARS, os relatórios foram encobertos", lembrou hoje em editorial o Global Times, jornal oficial do Partido Comunista. "Esse tipo de situação não pode acontecer de novo na China", advertiu.

A Comissão Nacional de Saúde da China disse que especialistas consideram o atual surto como "evitável e controlável". "No entanto, a fonte do novo tipo de coronavírus não foi encontrada, não entendemos completamente como se transmite e as alterações no vírus ainda terão de ser monitoradas de perto", disse a comissão, em comunicado.

O porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Geng Shuang disse hoje também que a China está a realizar os "maiores esforços para resolver a situação" e revelou que Wuhan adotou medidas para controlar o fluxo de pessoas que saem da cidade.

A televisão estatal CCTV recomenda às pessoas que se mantenham agasalhadas, aumentem a atividade física, evitem comidas pesadas e lugares com grande concentração de pessoas.

Dada a gravidade da situação, a OMS convocou o comité de emergência para discutir a propagação do vírus. O grupo da OMS reúne-se em Genebra na quarta-feira (22) para decidir se classifica o surto como "uma emergência de saúde pública de alcance internacional". O alerta é, em geral, declarado em caso de epidemias muito graves.

A rápida disseminação do vírus preocupa as autoridades chinesas, pois coincide com o Ano Novo Lunar. Nesta época, centenas de milhões de pessoas viajam para passar o feriado em família.

O presidente chinês, Xi Jinping, disse que o novo vírus deve ser "absolutamente detido". "A segurança da vida das pessoas e a sua saúde física devem ser prioridades", declarou à CCTV.

Segundo a CCTV, cerca de 300.000 testes de temperatura corporal já foram realizados.

Com agências Lusa e AFP