A Associação Nacional de Empresas Lutuosas (ANEL) refere num comunicado, publicado no seu ´site`, que a Direção-Geral de Saúde (DGS) lhe solicitou um ponto de situação sobre a capacidade de resposta às necessidades atuais de realização de cerimónias fúnebres, bem como a identificação de pontos de rutura existentes ou iminentes, na sequência do número crescente de óbitos diários.

Questionada pela Lusa, a DGS afirmou, numa resposta escrita, que “está a acompanhar a situação, estando em articulação com associações que representam as agências lutuosas”.

Na sequência dessas diligências, a DGS tomou algumas medidas, nomeadamente solicitar “ao Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF) soluções para aumentar capacidade de frigoríficos junto das unidades de saúde caso se venha a verificar essa necessidade.

Enviou também uma comunicação aos hospitais, através das Administrações Regionais de Saúde, para agilizarem “a transferência de informação para as lutuosas, recomendando o uso da via digital”.

Segundo a DGS, desde o início da pandemia de covid-19, os hospitais do Serviço Nacional de Saúde têm adotado medidas no sentido de garantir as condições para acompanhar a evolução da situação pandémica.

Contactado pela Lusa, uma fonte do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC) adiantou que atualmente existem 48 lugares na morgue do Hospital de São José, mas há mais três espaços que permitem recolher cerca de 50 corpos.

“A capacidade instalada é mais do que suficiente para a situação que está a ocorrer”, assegurou a fonte oficial do CHULC.

No Hospital Santa Maria abriram dois contentores refrigerados junto à casa mortuária para reforçar a capacidade de preservação dos corpos, sendo neste momento suficiente a capacidade instalada, adiantou à Lusa uma fonte oficial do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN).

No pedido endereçado à ANEL pela DGS é referido que é expectável que o número diário de óbitos se mantenha elevado por algum tempo mais, podendo rondar os 500 a 600/dia, seja pela covid-19 ou pela onda de frio que se faz sentir, refere a associação no comunicado.

Em resposta ao pedido da DGS, a ANEL reiterou “a total disponibilidade para colaborar com todas as entidades do Estado para minimizar o impacto da Pandemia numa área extremamente sensível e delicada como a realização de funerais”.

Faz ainda uma análise da situação, afirmando que há “hospitais públicos em rutura generalizada sem disponibilidade de equipamentos de frio para preservação dos cadáveres” e que “a maioria dos hospitais não procede ao protocolo documental com as funerárias via digital’”

Sublinha ainda o que o prazo médio de espera para cremação é de 72 horas em Lisboa e nas restantes localidades de três a cindo dias e para inumação o prazo médio de espera é 48 horas.

Relativamente às agências funerárias, assegura que “não existe qualquer rutura no fornecimento de urnas”, nem no fornecimento de equipamentos de proteção individual

“As agências funerárias estão longe de atingir o ponto de rutura da sua capacidade diária de realização de funerais atendendo ao quadro de pessoal e meios (viaturas) que dispõem na presente data”, sublinha no comunicado.

Apela ainda à DGS para sensibilizar os cidadãos através de uma “norma sanitária uniforme para todo o país” (como já foi implementada noutros países como Espanha e Itália durante a primeira vaga) que não é permitido a passagem dos funerais pelos locais de culto ou centros funerários para realização de exéquias, vigílias ou velórios.

Portugal registou hoje o maior número de mortes (234) desde o início da pandemia, e 13.987 casos de infeção com o novo coronavírus, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).

Já morreram em Portugal 9.920 pessoas dos 609.136 casos de infeção confirmados.