Na segunda segunda-feira do mês de fevereiro celebra-se o Dia Internacional da Epilepsia, um dia especial para promover a consciencialização da população sobre esta doença.
A epilepsia é uma doença neurológica que afeta cerca de 50 milhões de pessoas em todo o mundo, estimando-se que em Portugal afete 1 em cada 200 portugueses. É caracterizada pela predisposição para ter crises epiléticas recorrentes devido a descargas neuronais anormais.
Uma crise epiléptica não significa que o doente tenha epilepsia, podendo estar relacionada com baixa de açúcar, alterações do sangue ou outras causas. Estima-se que aproximadamente 8 a 10% da população geral terá uma crise epilética ao longo da sua vida, mas apenas 2 a 3% desenvolverá epilepsia.
As crises epiléticas podem ter manifestações motoras (movimentos involuntários de um ou mais membros) ou manifestações não motoras (alterações da fala, visuais, auditivas, sensitivas ou da cognição), com ou sem alteração da consciência. As convulsões são o tipo mais facilmente reconhecido por manifestações motoras exuberantes.
Quando se testemunha uma crise epilética é necessário manter a calma e garantir a segurança do doente. Devem ser afastados potenciais perigos do ambiente envolvente e, se possível, usar algo que permita impedir o impacto da cabeça em superfícies duras. Nunca devemos colocar objetos na boca do doente. Após cessarem os movimentos, devemos colocálo em posição lateral de segurança.
O diagnóstico da epilepsia é clínico, os exames podem ser todos normais e vídeos caseiros ou o detalhe da história dada pela testemunha podem ser cruciais. A epilepsia define-se pela ocorrência de pelo menos duas crises não provocadas (sem uma causa identificada) com mais de 24 horas de intervalo ou de apenas uma crise não provocada num indivíduo com risco de recorrência elevado. Alguns fatores de risco para epilepsia incluem: história familiar de epilepsia, doenças genéticas, complicações durante o parto, atraso no desenvolvimento psicomotor, meningite, traumatismo cranioencefálico, tumores cerebrais, AVC’s, alcoolismo, entre outros.
É importante alertar para a evicção de fatores que predispõem a crises como incumprimento terapêutico, privação de sono, consumo de álcool ou drogas de abuso.
Atualmente, em termos de tratamento dispomos de mais de 15 fármacos anticrises epiléticas que permitem um bom controlo de crises. Casos selecionados podem ter indicação cirúrgica.
Doentes com epilepsia podem e devem ser incluídos em todos os meios laborais e sociais, requerendo ajustes no que implica o manuseio de máquinas ou prática de desportos aquáticos ou em alturas (desprotegidos). Existe legislação própria sobre epilepsia e condução, podendo ser consultado no site da Liga Portuguesa Contra a Epilepsia.
As doenças psiquiátricas como depressão e ansiedade são uma comorbilidade frequente da epilepsia, contribuindo para o estigma e discriminação.
Os doentes com epilepsia abraçam muitos desafios, por isso se conheces alguém com epilepsia, esclarece as dúvidas e desfaz os mitos!
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