Em declarações à Lusa, Mário Amorim Lopes, investigador responsável pelo projeto, explicou que o sistema, intitulado ‘KnowLogis – Expertise in Healthcare Logistics’, surgiu com o propósito de auxiliar a “logística e gestão de inventário hospitalar”.

“Em alguns hospitais estamos a falar de milhões de euros em compras e, se for possível, melhorar esta gestão de inventário significa que, por um lado, é possível poupar dinheiro e, por outro, garantir que os medicamentos estão no sítio certo à hora certa para serem administrados no paciente e que não há adiamentos de cirurgias porque falhou um ‘kit’ cirúrgico”, exemplificou.

O sistema de gestão inteligente desenvolvido para dar resposta à gestão de inventário de produtos farmacêuticos e consumíveis clínicos está implementado, desde fevereiro, no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho.

Ligado aos sistemas de informação do hospital, o sistema permite saber a quantidade de fármacos que existem, o histórico de consumo e estimar o consumo que será necessário futuramente.

“Com base nesta informação, o KnowLogis gera um sistema de alarme para dizer quanto e quando encomendar, sejam produtos farmacêuticos ou equipamentos clínicos. Além disso, dá avisos para que os serviços do próprio hospital consigam calcular a encomenda a tempo”, esclareceu o investigador, que é também professor auxiliar na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

Segundo Mário Amorim Lopes, este sistema não substitui a função dos auxiliares e técnicos de saúde, mas “ajuda-os bastante” e complementa o seu trabalho.

O investigador admitiu que o sistema ainda não está preparado para “lidar com riscos”, como é caso da pandemia da covid-19, mas que um dos objetivos da equipa é incorporar numa próxima versão do KnowLogis a “componente de previsão e capacidade para responder a riscos”.

“Se sabemos que vai haver um pico de gripe ou que é extemporâneo outro evento, podemos incorporar isso no sistema, que automaticamente vai converter essa informação em cuidados de saúde e, com base nisso, estimar quantos consumíveis clínicos e fármacos vão ser necessários. Numa das próximas versões do sistema queremos incorporar essa componente”, declarou.

Mário Amorim Lopes adiantou que, neste momento, “há outros hospitais no distrito do Porto interessados" este sistema, sendo que o objetivo dos investigadores passa por “consolidar o ‘software’ a nível nacional” e depois, eventualmente, a nível internacional.

“Este é um problema que é transversal a qualquer hospital do mundo, seja público ou privado”, concluiu.

No comunicado enviado hoje, o INESC TEC adianta que o KnowLogis, que começou a ser desenvolvido em 2017 em parceria com a tecnológica Glintt e ao abrigo do programa COMPETE 2020, envolveu um investimento elegível de 532 mil euros e um incentivo de 332 mil euros do FEDER.

Citada no comunicado, Daniela Silva Maia, vogal do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho afirma que com este sistema inteligente a unidade hospitalar prevê “uma redução do valor médio de inventário em pelo menos 10%, assim como uma redução do tempo despendido em todo o processo, desde a deteção de uma necessidade até à colocação de uma nota de encomenda em pelo menos 20%”.