Em causa está um projeto-piloto destinado a evitar que utensílios corto-perfurantes utilizados para controlo da diabetes e noutros tratamentos sejam descartados no lixo doméstico, onde, tendo em conta os resíduos de sangue contidos nesses artigos médicos, o seu mau acondicionamento e casual exposição a terceiros poderão causar ferimentos e transmitir outras doenças.

Para impedir o encaminhamento desses instrumentos para aterros e evitar riscos para a saúde pública, o presidente da autarquia, Jorge Vultos Sequeira, lançou assim aquele que define como "um projeto que faz de São João da Madeira um município pioneiro neste tipo de programa de recolha de resíduos".

Acompanhando a estratégica local de redução drástica do consumo de papel e plástico em equipamentos e eventos municipais, a medida surgiu da sugestão de um particular: "A Câmara começou a trabalhar neste problema na sequência da intervenção de uma cidadã que, na Assembleia Municipal, suscitou a questão de não ter meios de eliminação adequados para as lancetas que utilizava nos tratamentos do seu pai, que é diabético".

Jorge Vultos Sequeira tomou nota do caso e, meses depois, revela à Lusa: "Estudámos o problema e encontrámos uma empresa, a Ambimed, que, trabalhando no setor da recolha de resíduos hospitalares, nos permitiu estruturar em conjunto uma resposta para este problema ambiental e de saúde pública".

Na prática, os 140 minicontentores para recolha de agulhas, lancetas e seringas podem ser requisitados na Câmara, estando disponíveis para cidadãos residentes no concelho mediante a apresentação de um comprovativo de morada.

Esse número de recipientes resulta de uma estimativa anual apresentada pelo Centro de Saúde de São João da Madeira, que tem cerca de 250 utentes registados como diabéticos, mas situa em metade os que, embora recebendo tratamento nessa unidade, têm residência noutros municípios da região.

O novo programa de recolha de agulhas, lancetas e seringas não se restringe, no entanto, a diabéticos, podendo abranger outros doentes crónicos ou pontuais com comprovada necessidade de recurso a idênticos instrumentos corto-perfurantes - como acontece nos tratamentos de fertilidade.

Caberá a esses utentes acomodar no referido contentor os artigos médicos que vão utilizando e devolvê-lo à autarquia quando se encontrar cheio. Os serviços municipais tratarão então de encaminhar o respetivo conteúdo para a Ambimed, que assumirá a respetiva incineração.

O programa também será divulgado nas farmácias do concelho, sendo que, tanto nesses estabelecimentos como no edifício da Câmara, estará disponível uma brochura com a apresentação do programa e as devidas instruções.

O projeto será sujeito a uma primeira avaliação em julho de 2019, para conferir resultados e a adequação do número de contentores envolvidos, no que o objetivo de Jorge Vultos Sequeira é "estruturar uma resposta de longo prazo já com dados mais concretos quanto ao número de munícipes que adotam estes autocuidados".