Segundo disse à Lusa o diretor do Programa Nacional das Doenças Oncológicas (PNDO), José Dinis, o projeto envolveu mais de 145.000 pessoas chamadas ao rastreio, dos quais cerca de 1.500 apresentaram “achados positivos” nos testes ao sangue oculto nas fezes. Destes, acabaram diagnosticados mais de 400 cancros do cólon e reto.

Destacando a importância de ter um bom registo oncológico e da possibilidade der partilha de dados, José Dinis salientou que “só desta forma se consegue perceber efetivamente quantos tumores se diagnostica”.

Neste caso, explicou, cruzaram-se os dados do programa de rastreios com os do RON.

O responsável disse igualmente desejar que este tipo de projetos sejam estendidos a todo o território nacional, depositando a tarefa nas mãos da Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS).

O mais recente relatório de avaliação e monitorização dos rastreios oncológicos é hoje apresentado, com dados até 2022.

O documento indica que, no final de 2022, se atingiu a taxa de cobertura populacional mais elevada dos três programas de rastreio existentes (mama, colo do útero e cólon e reto), mas aponta igualmente alguns problemas como a baixa adesão em casos como o do rastreio dos cancros do cólon e reto (41% em 2022) e da mama (51% de adesão em 2022).

Neste caso (cancro de mama), José Dinis diz esperar que, como a Região de Lisboa e Vale do Tejo já está coberta pelo rastreio, na “segunda passagem” da chamada para rastreios (2022 foi o primeiro em que todos os elegíveis receberam a convocatória para o rastreio) já se possa traduzir numa maior adesão da população.

Segundo os dados disponíveis, no rastreio do cancro de mama a taxa de cobertura subiu de 91% para 99%, mas a taxa de adesão caiu de 55% (2021) para 51% (2022), enquanto do rastreio do cancro do cólon e reto a taxa de cobertura subiu de 26% (2021) para 33% (2022), mas a adesão caiu de 51% (2021) para 41% (2022).

“Nos próximos anos será essencial melhorar os sistemas de informação que suportam as atividades de rastreio. A partilha de informação entre os sistemas de monitorização dos rastreios e o RON é essencial para uma visão completa de todo o processo”, refere o documento da DGS hoje apresentado.

Sobre a redução da adesão ao rastreio da mama, tendo em conta o peso da região de Lisboa e Vale do Tejo nos números globais, José Dinis aponta ainda o facto de esta ser uma região onde existem grande parte dos subsistemas de saúde e seguros e de parte das pessoas já terem feito os rastreios por essa via.

A Estratégia Nacional de Luta Contra o Cancro, publicada em dezembro em Diário da República, prevê que se alcance uma proporção de cobertura populacional superior a 95 % nos programas de rastreio do cancro da mama, cancro do colo do útero, cancro do cólon e reto até 2030.

Define igualmente 2030 como meta para se conseguir uma proporção de adesão superior a 65 % (dos utentes elegíveis) nos três programas de rastreio.