"Estou muito empenhado no processo de diálogo e estou concentrado na possibilidade de estabelecermos um entendimento", afirmou o ministro, à margem da inauguração da Unidade de Saúde de Eixo, em Aveiro.

Questionado pelos jornalistas se havia "uma solução" para terminar com as greves convocadas pelos sindicatos representativos dos médicos, Pizarro preferiu acentuar as reuniões que o Ministério da Saúde tem agendadas com os sindicatos na sexta-feira, segunda e terça-feira.

"Farei tudo o que estiver ao meu alcance para chegar a um acordo", acrescentou.

Destacando que a preocupação do Ministério da Saúde é "combinar a defesa do interessa das pessoas" com a "valorização dos profissionais", o ministro escusou-se a comentar se, face às críticas dos sindicatos de que as medidas apresentadas pela tutela são insuficientes, seria possível chegar a acordo.

"Esse debate vai ser feito na mesa de negociação", referiu.

Já quanto ao facto de estarem convocadas novas greves, o ministro considerou "estranho" a realização das mesmas quando decorrem as negociações, dizendo, contudo, respeitar que os sindicatos não o considerem.

A greve dos médicos decretada pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM) teve uma adesão média de 95%, no segundo e último dia da paralisação, de acordo com a presidente do sindicato.

Joana Bordalo e Sá adiantou à agência Lusa que a forte adesão dos dois dias de greve - 90% no primeiro dia e 95% no segundo - ”mostra a união dos médicos e o descontentamento” da classe face às políticas no setor e à falta de resposta às reivindicações dos sindicatos.

A presidente da FNAM disse ainda que na sexta-feira o sindicato vai ter uma reunião no Ministério da Saúde para entregar uma contraproposta à do Governo e manifestou a esperança de que “haja bom senso para alcançar um acordo de princípio que seja digno para os cuidados de saúde que os médicos querem prestar à população”.

Os médicos iniciaram às 00:00 de quarta-feira dois dias de greve para exigir, de acordo com a FNAM, “salários dignos, horários justos e condições de trabalho capazes de garantir um Serviço Nacional de Saúde (SNS) à altura das necessidades” da população.

Apesar de as duas últimas reuniões negociais com o Ministério da Saúde estarem agendadas para 07 e 11 de julho, a federação decidiu manter a paralisação, face “ao adiar constante das soluções” e “à proposta insatisfatória” que recebeu do Governo, não excluindo uma nova greve nacional na primeira semana de agosto.

Esta é a segunda greve convocada pela FNAM este ano, depois da paralisação realizada no início de março para exigir a valorização da carreira e das tabelas salariais, mas que não contou com o apoio do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), que se demarcou do protesto por considerar que não se justificava enquanto decorriam negociações com o Governo.

Após ter terminado o prazo inicialmente previsto para as negociações no final de junho, na semana passada o SIM anunciou também uma greve nacional para 25, 26 e 27 de julho em protesto contra "a incapacidade" do Governo em "apresentar uma grelha salarial condigna".