Uma equipa de cientistas dos Estados Unidos desenvolveu uma nova técnica de edição genética chamada "edição de qualidade" ou "prime editing" em inglês. A invenção foi anunciada num artigo científico publicado na revista Nature, na segunda-feira (21.10).

O método é capaz de editar diretamente células humanas de forma precisa, podendo suprimir 89% das 75 mil variações genéticas associadas a doenças.

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A tecnologia de edição genética CRISPR-Cas9 tem revolucionado a investigação biomédica nos últimos anos, uma vez que trouxe uma ferramenta que permite "cortar e colar" fragmentos de ADN. O seu potencial é enorme, já que permite a correção de erros associados a doenças ou a criação de plantas e frutos mais resistentes às pragas da agricultura.

Não obstante, essa tecnologia tem uma limitação: o CRISPR-Cas9 atua como uma tesoura que corta a famosa dupla hélice do ADN, o que pode desencadear alterações indesejadas no genoma. Assim, a transferência desta técnica com segurança para testes em humanos depende da superação desses "efeitos secundários".

Agora, esta nova tecnologia de edição genética anunciada pela Universidade de Harvard surge como uma melhoria adicional à técnica de CRISPR-Cas9. A ferramenta muda a estratégia de "cortar e colar" para um sistema de edição de textos - "pesquisar e substituir" - com maior precisão, o que, em teoria, poderá corrigir 89% das variantes genéticas humanas associadas a doenças.

Na revista Nature, a equipa de David Liu da Universidade de Harvard publicou resultados do uso desta técnica em 175 experiências com células humanas em laboratório. 

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Os investigadores mostraram que este método consegue corrigir com precisão variantes genéticas que causam doenças como a anemia falciforme (com origem numa mutação que altera a hemoglobina) e da doença de Tay-Sachs (doença rara que afecta o sistema nervoso central e é degenerativa e fatal).

"Se o CRISPR é a tesoura, os editores de qualidade seriam o lápis: em vez de cortar a dupla hélice, eles convertem uma letra do ADN em outra, sem quebrar a cadeia dupla, o que permite corrigir os principais tipos de mutações de forma. O editor significaria um sistema "pesquisar e substituir" de um processador de texto; ele permite fazer diretamente mutações pontuais específicas, inserções e eliminações precisas de uma única letra e combinações das mesmas, também sem ter de quebrar a cadeia dupla", explica Liu, citado pelo jornal espanhol El Mundo.