Quando uma criança tem cancro, que tipo de informação é que os seus pais pesquisam?

A análise a estas pesquisas online pode servir para que os prestadores de serviços de saúde ofereçam um maior apoio aos doentes e às famílias.

Por isso, investigadores analisaram as pesquisas feitas online por pais de crianças com cancro e descobriram que, de uma forma geral, os progenitores e cuidadores concentram-se, frequentemente, em pesquisar maneiras e formas de melhor apoiar os seus filhos.

Por outro lado, o estudo também descobriu que existe um especial interesse em questões de logística, como orientações para centros médicos apropriados.

“Tem havido muita pesquisa sobre o que as pessoas dizem que querem encontrar online, mas pouco se sabe sobre, especificamente, o que os pais de crianças com cancro procuram na internet”, disse o líder do estudo, Charles A. Phillips, médico oncologista pediátrico no Hospital Pediátrico da Filadélfia, nos Estados Unidos.

Os resultados do estudo foram publicados na revista Pediatric Blood and Cancer.

Até onde sabemos, este foi o primeiro estudo a analisar as pesquisas feitas no Google por pais de crianças com cancro.

A equipa de investigação analisou 21 progenitores, 17 dos quais eram mães, de crianças diagnosticadas com cancro naquele hospital, no verão de 2017.

Os pais deram o seu consentimento para partilhar os seus históricos de pesquisa do Google a partir do momento em que o seu filho foi diagnosticado e durante o tratamento. Após a inscrição na investigação, foi dado acesso a outros membros da equipa de pesquisa, que não conheciam as identidades dos pacientes ou das famílias, e que codificaram as pesquisas em categorias e analisaram as descobertas.

Como era de se esperar, os pais realizaram pesquisas relacionadas à saúde com o dobro da taxa realizada pela população em geral – 13% contra 5%, respetivamente.

O uso do Google por parte de pais de crianças com cancro atingiu o pico cerca de um mês após o diagnóstico da doença; 18% das pesquisas relacionadas com a saúde foram específicas sobre o cancro, e mais da metade destas eram sobre como apoiar os pacientes, quais as melhores instituições hospitalares e de solidariedade e citações inspiradoras.

Entre as pesquisas relacionadas com a saúde, 31% foram para “sintomas, doenças e informações médicas”, seguido de perto por 29% para “informações sobre hospitais / locais de atendimento / farmácia”.

Os investigadores acrescentaram que os prestadores de serviços de saúde, administradores e web designers precisam de se lembrar da importância das preocupações logísticas diárias dos pais, como o trânsito e estacionamentos, ou localizar farmácias que forneçam os medicamentos prescritos para os seus filhos.

Outra descoberta notável, segundo os investigadores, foi o aumento nas pesquisas de sintomas nos meses que antecederam o diagnóstico de uma criança.

No futuro, os resultados do estudo podem vir a ser úteis para que, por exemplo, os hospitais possam projetar intervenções educacionais que ajudem os pais a “navegar” melhor na Internet em busca de informações sobre o cancro.

Fonte: PIPOP