Cidadãos de diferentes quadrantes políticos criaram em Coimbra o Observatório de Saúde António Arnaut, para defender e apoiar a modernização e a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS), disse hoje um dos promotores à agência Lusa.

10 conselhos de um médico para ter uma saúde de ferro
10 conselhos de um médico para ter uma saúde de ferro
Ver artigo

Constituído durante uma reunião realizada no sábado, o observatório resulta de uma mobilização cívica dos fundadores, adiantou o seu coordenador, Américo Figueiredo, subdiretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC).

“Defendemos a sustentabilidade daquilo que é hoje o pilar da coesão social”, afirmou o professor catedrático, frisando que, ao longo de quase 40 anos, o SNS contribuiu para “estabilizar a sociedade”.

Criado em 1979, tendo o então ministro dos Assuntos Sociais António Arnaut como principal impulsionador, o SNS tem sido “o pilar e o sustentáculo do Estado Social”, acrescentou.

António Arnaut, advogado, morreu no dia 21 de maio de 2018 aos 82 anos créditos: PAULO NOVAIS / LUSA

“Se perigasse o Serviço Nacional de Saúde, estaria também em perigo o Estado Social”, alertou o também diretor do Serviço de Dermatologia e Venereologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).

A publicação do livro “Salvar o SNS - Uma nova Lei de Bases da Saúde para defender a democracia”, redigido em coautoria com o médico e antigo coordenador do BE João Semedo, foi o derradeiro contributo do socialista António Arnaut, um dos fundadores do PS, para preservar o Serviço Nacional de Saúde.

Arnaut, advogado, morreu em 21 de maio de 2018 aos 82 e Semedo menos de dois meses depois, em 17 de julho, ambos de doença cancerígena.

O advogado António Arnaut morreu aos 82 anos, no CHUC, tendo dedicado quase metade da vida à defesa do SNS.

“Faz-nos falta a permanência com que acompanhou a evolução” desta obra social, sublinhou Américo Figueiredo.

O Observatório de Saúde foi criado por “um grupo de cidadãos interessados na área da saúde”, incluindo de outros setores profissionais, como o advogado António Manuel Arnaut, filho do patrono.

Os fundadores partilham “os ideais humanistas e republicanos de acesso à prestação dos cuidados de saúde sem qualquer discriminação de raça, de credo ou de nível socioeconómico”, explicam num documento a que a Lusa teve hoje acesso.

Estes 15 alimentos parecem saudáveis mas não são
Estes 15 alimentos parecem saudáveis mas não são
Ver artigo

“O objetivo central deste observatório é contribuir para a defesa, modernização e sustentabilidade do SNS, entendido este como o pilar essencial da garantia constitucional do direito à saúde e do Estado Social”, referem.

Os médicos de Coimbra João Paulo Almeida e Sousa e Fernando Almeida, presidentes do Instituto Português do Sangue e Transplantação e do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, respetivamente, integram o grupo de promotores, que “seguiram de perto a vida e a obra de António Arnaut e com ele comungaram de muitas ideias e valores”.

“Num momento preocupante para a consolidação das políticas sociais, constituir um observatório com o nome do 'pai' do SNS é também uma justa homenagem para com um cidadão que colocou sempre bem alto os valores da República, dos direitos humanos e da liberdade, nunca vacilando na sua defesa”, afirmam.

O Conselho de Fundadores do observatório integra também Álvaro Beleza, Eurico Castro Alves, Cipriano Justo, Carlos Moreira, Joaquim Arenga, José Ribeiro Nunes, Manuel Falcão, Margarida Ivo, Mariana Neto, e Mário Jorge Neves.