"Esses fenómenos vão continuar a intensificar-se e o mundo deve preparar-se para ondas de calor mais intensas", afirmou John Nairn, especialista da Organização Meteorológica Mundial (OMM) das Nações Unidas, em conferência de imprensa em Genebra.

"O recém-declarado fenómeno El Niño só vai amplificar a ocorrência e a intensidade das ondas de calor extremo", explicou.

Na América do Norte, Ásia, norte de África e na bacia do Mediterrâneo, as temperaturas deverão ultrapassar os 40°C durante vários dias esta semana, devido à intensificação da onda de calor.

Para a prevenção dos efeitos do calor intenso, a Direção-Geral da Saúde recomenda:

  • Aumentar a ingestão de água, ou sumos de fruta natural sem adição de açúcar, mesmo sem ter sede.
  • As pessoas que sofram de doença crónica, ou que estejam a fazer uma dieta com pouco sal, ou com restrição de líquidos, devem aconselhar-se com o seu médico, ou contactar a Linha Saúde 24: 808 24 24 24.
  • Evitar bebidas alcoólicas e bebidas com elevados teores de açúcar.
  • Os recém-nascidos, as crianças, as pessoas idosas e as pessoas doentes, podem não sentir, ou não manifestar sede, pelo que são particularmente vulneráveis - ofereça-lhes água e esteja atento e vigilante.
  • Devem fazer-se refeições leves e mais frequentes. São de evitar as refeições pesadas e muito condimentadas.
  • Permanecer duas a três horas por dia num ambiente fresco, ou com ar condicionado, pode evitar as consequências nefastas do calor. Se não dispõe de ar condicionado, visite centros comerciais, cinemas, museus ou outros locais de ambiente fresco.
  • No período de maior calor tome um duche de água tépida ou fria. Evite, no entanto, mudanças bruscas de temperatura.
  • Evitar a exposição directa ao sol, em especial entre as 11 e as 17 horas.
  • Ao andar ao ar livre, usar roupas que evitem a exposição direta da pele ao sol, particularmente nas horas de maior incidência solar. Usar chapéu, de preferência, de abas largas e óculos que ofereçam protecção contra a radiação UVA e UVB.
  • Evitar a permanência em viaturas expostas ao sol, principalmente nos períodos de maior calor, sobretudo em filas de trânsito e parques de estacionamento.
  • Nunca deixar crianças, doentes ou pessoas idosas dentro de veículos expostos ao sol.
  • Sempre que possível, diminuir os esforços físicos e repousar frequentemente em locais à sombra, frescos e arejados. Evitar actividades que exijam esforço físico.
  • Usar roupa larga, leve e fresca, de preferência de algodão.
  • Usar menos roupa na cama, sobretudo quando se tratar de bebés e de doentes acamados.
  • Evitar que o calor entre dentro das habitações.
  • Não hesitar em pedir ajuda a um familiar ou a um vizinho no caso de se sentir mal.
  • As pessoas idosas não devem ir à praia nos dias de grande calor e as crianças com menos de seis meses não devem ser sujeitas a exposição solar.

"Um dos fenómenos notáveis que observamos é que o número de ondas de calor simultâneas no hemisfério norte aumentou seis vezes desde a década de 1980. Essa tendência não mostra sinais de diminuição", referiu o especialista.

"Portanto, temo que não tenhamos chegado ao fim de nossos problemas e que essas ondas de calor tenham um sério impacto na saúde e nos meios de subsistência humanos", acrescentou.

Os gases com efeito de estufa, como o dióxido de carbono, o metano e o óxido nitroso, são a principal causa das alterações climáticas, uma vez que absorvem o calor do sol que irradia da superfície da Terra, prendem-no na atmosfera e impedem que a radiação solar seja refletida de volta para o espaço.

Quando esse ciclo é equilibrado, mantém o planeta em uma temperatura habitável, mas um aumento insustentável da quantidade de gases com efeito de estufa na atmosfera implica que mais calor fique retido, provocando, além do aquecimento global, outras anomalias climáticas.

Questionado sobre aquilo que os indivíduos poderiam fazer para tentar enfrentar as mudanças climáticas, John Nairn defendeu o combate aos combustíveis fósseis.

"Acho que a coisa mais simples é eletrificar tudo. É uma mensagem simples. Trata-se de interromper os combustíveis à base de carbono e eletrificar tudo", afirmou.